Após o vazamento de amônia em um frigorífico em Paraíso do Tocantins, que resultou na intoxicação de mais de 20 funcionários, surge uma preocupação com os riscos e cuidados relacionados a essa substância. 

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Em entrevista ao Jornal do Tocantins, o professor do curso de Química da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus Gurupi, Lucas Samuel Soares dos Santos, explicou os perigos associados à amônia.

De acordo com o especialista, a amônia, de fórmula NH3, é amplamente utilizada em sistemas de refrigeração industrial, como é o caso de frigoríficos e outras indústrias semelhantes. "Não é à toa que esse gás apresenta vantagens quanto à eficiência energética e é até considerado mais ecológico que outros gases para essa finalidade".

O professor destacou que o forte odor da amônia é uma vantagem, pois facilita a detecção de vazamentos. No entanto, ele alertou para os sérios riscos à saúde, especialmente pela inalação.

"Ele provoca muitos problemas e pode causar mal-estar quando inalado, afetando a respiração e provocando efeitos ainda mais graves no sistema respiratório, como irritação, que pode resultar em náuseas ou até mesmo outros tipos de problemas quando em contato com a pele, podendo evoluir para queimaduras".

Além disso, é necessário  tomar cuidados até para evitar explosões. "A amônia é um gás inflamável, ou seja, pode pegar fogo, então há risco de explosões se o vazamento for em uma quantidade muito alta e houver uma liberação muito grande desse gás", destaca.

Medidas de segurança 

Por conta do risco associado ao uso desse gás, o especialista ressalta que há uma série de medidas de segurança que se faz necessária. 

"Essas medidas de segurança são, inclusive, uma exigência legal, que inclui o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como luvas de borracha, óculos de proteção e máscaras respiratórias, que devem ser utilizados pelos funcionários e trabalhadores".

Ele acrescenta que é fundamental contar com um ambiente com ventilação adequada, para evitar que o gás liberado em um acidente como esse fique confinado, atingindo os trabalhadores, e para que o ar se renove constantemente.

"Um armazenamento seguro do gás também é essencial, o que inclui inspeções regulares dos sistemas para evitar vazamentos por falta de manutenção, por exemplo. Além disso, deve existir um plano de emergência na indústria, conhecido pelos trabalhadores, para que saibam como agir em caso de vazamento ou acidente envolvendo a amônia".

Entenda 

Funcionários de um frigorífico passaram mal e foram levados para o hospital após um vazamento de amônia (NH3), em Paraíso do Tocantins.

A ocorrência teve início por volta das 8h30 de quarta-feira (24). 23 pacientes foram atendidos no Hospital Regional de Paraíso do Tocantins (HRPT), a informação é da Secretaria de Estado de Saúde(SES). 

A empresa Frigorífico Plena Alimentos informou ao Jornal do Tocantins que disponibilizou uma enfermeira de plantão no hospital e uma médica para acompanhar os pacientes.

Os bombeiros militares destacaram o evento como uma ocorrência de intoxicação exógena, onde a amônia utilizada na refrigeração pelo frigorífico começou a vazar após a ruptura da válvula de pressão. 

O fato teria ocorrido com a interrupção do fornecimento de energia elétrica e sua retomada em seguida, ocasionando o aumento da pressão na tubulação e gerando a ruptura do aparelho.