Em seu primeiro depoimento à Polícia Civil, no dia 11 de agosto, Whandeuarly Rodrigues Sousa, 30 anos, conhecido como “Barba”, que atropelou os ciclistas e advogados Valdonez Sobreira de Lima, 47 anos, e Thiago Germano Santos, de 34 anos, disse que na curva onde ocorreu o acidente, na altura do km 22 da TO-050, ele desviou o carro em direção ao acostamento porque vinha caminhão em sentido contrário e o sol “que estava em seu rosto por conta do horário”, o impediu de ver os dois ciclistas antes da colisão.

Barba disse trabalhar com tapeçaria em uma empresa de acessórios automotivos e negou que tivesse ingerido bebida alcóolica naquele sábado, 8 de agosto, mas confirmou que levava uma caixa com cerveja e gelo no porta-malas do carro. Na hora do acidente, ele estava acompanhado de uma amiga, E., paraense de 26 anos, que prestou depoimento no dia 9 de agosto. Ela confirmou que iriam para um acampamento em Lajeado em uma turma de 7 pessoas e 4 carros. 

Essa testemunha também disse que o tapeceiro não bebeu antes da viagem. Segundo ela, na hora do acidente ela consultava o celular e apenas sentiu a colisão. Depois ela seguiu em outro carro para buscar ajuda em Lajeado, segundo seu depoimento.

Barba disse que após a colisão todos os carros do grupo pararam e os ocupantes foram até os ciclistas, quando perceberam que já estavam mortos. Ele disse que vários carros e um ônibus pararam no local e ele ficou “desesperado” após populares afirmaram que ele “teria sido irresponsável”. Ele decidiu deixar o local por temer ser linchado e após ter sido aconselhado pelo motorista do ônibus, segundo seu depoimento.

Ele contou aos policiais que o carro começou a “fumaçar’ na altura do quilômetro 8 da rodovia e o abandonou numa estrada de terra para tentar alcançar a casa de um cunhado de um irmão. Como já era noite, segue no depoimento, decidiu subir em uma árvore e passou a noite até amanhecer o dia e conseguir chegar até a casa do cunhado do irmão, quando entrou em contato familiares e contratou um advogado, com o qual se apresentou à polícia no dia 11 de agosto.

Aberto no dia 8, o inquérito está dentro do prazo para ser concluído e ter o relatório apresentado, segundo manifestação do Ministério Público.

Campanha instala outdoor

Após a morte dos dois ciclistas, vários grupos de adeptos da bicicleta fizeram um ato cobrando mais respeito no trânsito. Com o valor  remanescente arrecadado no dia do ato "Não me Mate! Bike tem vida, tem família!" eles conseguiram montar um outdoor em comemoração ao Dia Nacional do Ciclista, na quarta-feira, 19. A peça tem o nome do ato e fica na Teotônio Segurado, a caminho do aeroporto, um percurso bastante usado pelos ciclistas.

 

Depoimento de Whandeuarly Rodrigues Sousa

 “QUE informa que no dia do acidente tinha saído do serviço por volta das 12h30min, a fim de se encontrar com outros amigos na casa de R. (amigo do seu irmão/vai informar seu contato posteriomente), com o veículo ASTRA, cor azul, placa KAU-2014; QUE então aguardaram a reunião de todos: K. R.(vai passar contato posteriormente), E., W. (posteriormente vai informar contato), W. (vai passar contato posteriormente), que iriam sair então em 04 carros; QUE por volta das 15h00min, saíram da casa de R. e foram até a Distribuidora Plano B, e ali compraram algumas cervejas e gelo; QUE então seguiram rumo Lageado (sic), em 03 carros, já que W. se confundio (sic) e acabou por aguardá-los no posto que fica na saída de Palmas/TO; QUE depoente seguia a frente sendo seguido por K. e R., em carros diferentes; QUE em um determinada curva que entornava (sic) à esquerda, vinha em sentido contrário um caminhão,  momento em que diminuiu a velocidade e direcionou seu carro um pouco para a direita, chegando a entrar no acostamento, momento então que, somado o sol que estava em seu rosto por conta do horário, veio a colidir nos ciclistas; QUE logo após o acidente desceu do carro e foi ver o que tinha acontecido; QUE todos os carros que acompanham o depoente pararam; QUE então foi até os ciclistas, situação em que pode perceber que ambos haviam falecido; QUE logo começou a juntar pessoas, que foram até eles e mediram seus pulsos e constataram que eles realmente haviam falecido; QUE chegou também no local um ônibus, situação em que o mesmo parou e começou a conversar com o depoente; QUE K. e E., como não tinha sinal de telefone no local, seguiram juntas até Lajeado para conseguir ajuda, como solicitado pelo depoente; QUE informa que no local ficou desesperado, situação em que os populares começaram a dizer ao declarante que ele teria sido irresponsável; QUE o motorista do ônibus então aconselhou ao depoente ir embora do local, haja vista que ambos os ciclistas já estariam mortos, bem como a possível aglomeração de pessoas e seu lixamento (sic); QUE então pegou o carro e voltou para Palmas; QUE informa que o carro começou a fumaçar, momento em que deixou o mesmo próximo ao Residencial Polinésia, em uma estrada de terra; QUE então deixou seu carro lá e foi sentido a casa do cunhado do seu irmão; QUE como já estava escuro, acabou por subir em uma árvore e passou a noite lá; QUE no outro dia conseguiu chegar até a casa do cunhado do seu irmão, entrando em contato com seus familiares, momento em que então conseguiu o contato do presente advogado; QUE questionado se ingeriu bebida alcólica (sic) na data do acidente informa que não; QUE informa que como seu carro era maior e os outros carros estavam cheio de coisas, a caixa com as bebidas foi colocado no porta-malas do veículo que dirigia; QUE informa que o veículo que dirigia, ASTRA, quando chegava próximo a 90 quilômetros/hora começar (sic) a balançar o volante, o que o impedia de superar tal velocidade.”