O promotor de Justiça Benedicto de Oliveira Guedes Neto, titular da Promotoria Regional da Educação, quer soluções da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para que os 116 alunos xerentes da Escola Estadual Indígena Krãsâpte, localizada na aldeia Brupre, no município de Tocantínia, região central do estado, não recebem mais merenda estragada, como as frutas podres entregues à escola mostradas pelo JTo no dia 7.

A reportagem mostrou ainda a queixa do cacique Elias Xerente sobre a precariedade da cozinha onde é preparada a merenda e outros espaços físicos da escola.

Recomendação do promotor expedida nesta terça-feira, 14, quer ações do governo estadual para as dificuldades no armazenamento dos alimentos e má qualidade da alimentação fornecida aos estudantes.

Uma das medidas apontadas pelo promotor é a elaboração de cardápio por nutricionista dentro de 30 dias, que inclua hábitos alimentares da etnia. Também quer a merenda escolar em todos os dias letivos e capacitação dos servidores responsáveis pela preparação.

O promotor sugere o prazo de seis meses para adequação da estrutura física da escola, para acondicionamento e preparo da merenda.

 Imagens da escola mostram o carregamento de melancias e bananas entregues no início do mês com frutas estavam estragados devido à demora para chegar até a localidade e sem ter equipamento de armazenagem.

“As frutas levam muito tempo para chegar até aqui e com isso, os alimentos, as frutas, acabam ficando em estado de decomposição. Fica tudo estragado. Não pode aproveitar nada, não pode dar nada aos alunos, porque senão podem ter problemas de saúde”, afirmou o cacique à reportagem.

Ele mostra no vídeo as melancias estragadas. “Olha o estado dessa melancia que chegou à escola, está tudo estragado. Isso é dinheiro jogado fora, é dinheiro perdido. Chega fora de época na aldeia. Os alunos da escola acabam prejudicados”.

De acordo com o cacique, a escola tem aulas nos três períodos. No matutino, é oferado  o ensino fundamental de 6° ao 9° ano, no vespertino, do 1° ao 5° ano e no período noturno, a turma do Educação de Jovens e Adultos (EJA). Porém, segundo o líder indígena, não há estrutura adequada para os estudantes. “Nós já solicitamos desde 2022 essa ampliação da unidade, nunca recebemos resposta do governo, só teve alguns reparos, mas não teve a ampliação”.

Ele conta que há sala e pátio sem piso desde 2018. “Além da falta de piso, as salas administrativas estão sem forro, os computadores estão pegando poeira. Nós já reforçamos à Seduc, e até o momento estamos aguardando essa resposta. O freezer também precisa ser trocado”.

O que disse a Seduc

Em nota, no dia da reportagem, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou ao JTo que estava providenciando a aquisição do freezer e estudos de viabilidade para a ampliação da cozinha e garantiu ter investido na melhoria da infraestrutura das 70 escolas indígenas.