Juiz plantonista na Comarca de Araguaína, Carlos Roberto de Sousa Dutra decidiu na madrugada deste domingo, 2, determinar que governo estadual convoque profissionais de saúde do Hospital Regional de Araguaína (HRA) necessários para funcionamento integral dos 17 leitos de UTI Covid existentes no hospital, que está com 7 UTIs Covid bloqueadas porque o governo estadual não paga indenização aos médicos que não atuam exclusivamente no local. A medida do governo desfalcou o covidário.
 
A decisão do juiz, tomada às 2h10, alcança inclusive médicos que estão em regime virtual de sobreaviso. A convocação deve ser feita pelo diretor técnico do HRA, Sérgio Nogueira de Aguiar, e não pode incluir na convocação profissionais que estão no grupo de risco. Para excluir algum dos 200 profissionais do hospital da convocação, o juiz diz que o diretor deve fundamentar os motivos daqueles que não possam atuar na frente de combate à pandemia.
 
Além do diretor técnico, o juiz mandou os oficiais intimarem o diretor-geral, Vânio Rodrigues de Souza, para o cumprimento da decisão, que dá o prazo de convocação de 24 horas, conforme pedira o promotor de Justiça Saulo Vinhal, no início da noite de sábado. 
 
O juiz lembra que no início de julho já era para estar em funcionamento os 17(dezessete) leitos de UTI Covid 19 no Hospital Regional de Araguaína e não apenas os 10 que já estão ocupados. Ele afirma que decisão anterior determinava a instalação de 8 leitos, mas apenas 7 foram possíveis de serem montados. 
 
Colapsou com leitos bloqueados
 
Mesmo assim no dia 1º de agosto, Araguaína chegou ao colapso nos leitos de tratamento intensivo, com a ocupação 100% dos 38 leitos de UTI Covid nas redes privadas e pública de saúde e levou o promotor Saulo Vinhal a pedir, com urgência, a decisão concedida na madrugada, para voltar a funcionar mais 7 leitos que estão habilitados, mas seguem bloqueados sem funcionar, porque faltam profissionais
 
Estes sete leitos estão bloqueados por conta da indenização extraordinária fixada por lei pelo governo estadual para os profissionais da Saúde que atuam no combate à Covid-19 nos hospitais. O texto condiciona o pagamento aos médicos que atuem exclusivamente na UTI Covid. 
 
Segundo os médicos ouvidos pelo JTO, a maior parte dos médicos do Hospital Regional de Araguaína (HRA) optou por dar plantão apenas na UTI Covid, mas a gestão exigiu ao menos um plantão na sala vermelha (urgência e emergência) para que o local não ficasse desassistido. 
 
Como os médicos especialistas fizeram, em média, 8 plantões na UTI Covid e 1 na sala vermelha, ficarão sem o bônus, porque deixaram de ter atuação "exclusiva" da UTI Covid. Eles estão pediram, no dia 20, dispensa dos plantões nesses leitos para atuar apenas em suas respectivas áreas, o que contribuiu para o bloqueio de 7 leitos.
 
Até o início da noite, o quadro era de ocupação total nos 10 leitos do HRA, mais 10 no Dom Orione e mais 10 no Hospital Municipal de Campanha (HMC), todos a rede pública. Outros 8 leitos UTI particulares, no Dom Orione também estavam ocupados. 
 
Araguaína acumula 7.165 casos confirmados da doença, entre os 25.346 do Estado, e é também a primeira em número óbitos: 97 das 390 mortes até este dia 1º.