Nesta sexta-feira (24), o Brasil celebra o Dia Nacional do Café, uma data que não apenas homenageia uma das bebidas mais amadas do país, mas também destaca os diversos aspectos relacionados à saúde e à tradição cultural que envolvem o consumo dessa bebida tão apreciada. 

No território brasileiro, o cultivo do café é uma tradição que se estende por diversas regiões, que se adapta às características climáticas e de solo de cada local. 

No estado do Tocantins, essa tradição ganhou vida recentemente, com desafios e perspectivas de crescimento. O JTo conversou com Otávio Sampaio Gutierrez, engenheiro agrônomo e um dos proprietários do sítio Ipê Roxo, localizado no município de Luzinópolis, para entender melhor sobre a produção de café nesse estado.

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Com atuação na plantação desde 1972 no estado de São Paulo (SP), no estado do Espírito Santo em 1983 e, posteriormente, se estabeleceu no Tocantins em 2015, Otávio se dedicou especialmente ao cultivo da espécie coffea canephora, conhecida como robusta, uma variedade que se adapta bem ao clima e solo locais.

Condições de cultivo no Tocantins

Segundo Otávio, a escolha do tipo de solo é crucial para evitar áreas mal drenadas e excessivamente pedregosas. “A disponibilidade de água para irrigação é essencial, especialmente durante os seis meses de seca que caracterizam o verão tocantinense. O sistema de microaspersão é indicado para garantir a umidade necessária às plantas”, explica.

Para os produtores de café no estado, os desafios incluem a falta de técnicos especializados e viveiros de produção de mudas. No entanto, a disponibilidade de equipamentos e insumos não é um problema, e a comercialização de café de qualidade enfrenta poucas dificuldades, dada a demanda das indústrias torrefadoras.

Em relação à mão de obra, Otávio destaca a importância do treinamento do pessoal envolvido. Em sua propriedade, que possui uma área de café de quatro hectares, eles não enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores dispostos a aprender e executar suas tarefas. 

“O processo de cultivo, desde o plantio até a colheita, envolve estratégias cuidadosas, como o manejo da insolação, implantação da cultura e irrigação adequada”.

Além do cultivo, eles também realizam o processamento de tudo que é produzido, e comercializam os grãos de café torrado e moído, pimenta do reino e nibs de cacau, que são pequenos pedaços de grãos triturados com sabor de chocolate amargo.

Colheita e pós-colheita

A colheita do café no Tocantins ocorre de abril a junho. Na propriedade de Otávio, a colheita é realizada por derriça sobre pano de Sombrite monofilamento 80%. “Os grãos colhidos são conduzidos para um terreiro, onde permanecem por cerca de seis dias até atingirem a umidade ideal de 12%, antes de serem armazenados para comercialização”, conclui.

Tradições e memórias

Este dia também é uma oportunidade para celebrar as tradições e histórias pessoais que cercam essa bebida. Para Rosileny Aves Bento, servidora pública aposentada e apreciadora de café, a bebida está ligada às memórias de sua família. 

“Meu avô plantava café no município de Três Fronteiras (SP), para ele o café tinha que ter uma torra bem feita e moído na hora do preparo e sem açúcar”, conta.

Gaúcha, nascida no município de Aparecida do Taboado (MS), Rosileny descreve o café como seu "bom dia com qualidade", uma tradição que mantém viva há anos. 

Cuidados com a saúde

Embora o café seja uma paixão nacional, a nutricionista Layane Napp alerta para os riscos associados ao consumo excessivo. Doses altas de cafeína, acima de 500mg, podem desencadear efeitos como taquicardia, palpitações, insônia, tremores, dores de cabeça e náuseas. 

Além disso, a nutricionista ressalta que altas doses podem levar à dependência e à tolerância, o que pode complicar a saúde a longo prazo.

O café também pode impactar negativamente o sistema gastrointestinal. “Muitas pessoas que consomem o café, relatam um desconforto gastrointestinal, sendo o principal sintoma a azia. Tanto o café com cafeína quanto o descafeinado aumentam o refluxo e estimulam a secreção ácida no estômago”, informa. 

A nutricionista ainda ressalta que esse efeito é causado pela serotonina, componente presente na cera do café, que pode irritar o estômago.

Layane também explica que a bebida pode atrapalhar na absorção de nutrientes como o ferro de origem vegetal (não-heme), o que é importante para quem tem deficiência de ferro ou anemia. 

“Alguns estudos mostram que beber uma xícara de café depois das refeições pode reduzir a absorção de ferro não-heme em até 40%. Esse efeito acontece tanto se o café for tomado junto com a refeição quanto uma hora depois. Acrescentar leite ao café não muda esse efeito”.

Benefícios moderados

Por outro lado, o consumo moderado de café, entre 3 a 4 xícaras por dia, pode trazer benefícios à saúde. Layane destaca melhorias na concentração, aumento do estado de alerta, combate ao estresse e até mesmo uma melhora no controle do diabetes tipo 2, graças ao ácido clorogênico, que melhora a sensibilidade à insulina e o metabolismo da glicose.

“Retarda a sensação de cansaço, fortalecendo os músculos e melhorando o desempenho físico. Além disso, o café ajuda a mobilizar as reservas de energia, fazendo com que o corpo queime gordura em vez de carboidratos como fonte de energia”, conclui Layanne, que é especialista em nutrição, metabolismo e fisiologia do esporte.

A especialista afirma que a bebida também funciona como um estimulante do sistema nervoso, principalmente para atletas.Ela explica que o café ajuda a mobilizar as reservas de energia, que faz o corpo queimar gordura em vez de carboidratos como fonte de energia.