O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusou nesta quinta-feira (17) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de atuar como "advogado do Palácio do Planalto" e criticou a argumentação apresentada por ele para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) seu afastamento do cargo de deputado federal.

Segundo ele, que chamou o pedido de "peça de ficção", Janot deturpou as suas funções institucionais e teve a intenção de criar uma cortina fumaça para desviar o foco do julgamento da STF sobre o rito do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

"Os pontos colocados pela Procuradoria-Geral da República são absolutamente ridículos e eu acredito que a Suprema Corte, com a responsabilidade que tem, possa ter conhecimento", criticou. "Ele (Janot) se transformou muito mais em um advogado do Palácio do Planalto, o que não necessariamente são as suas funções institucionais", acrescentou.

No pedido, o procurador-geral ressalta que Cunha "vem utilizando o cargo em interesse próprio e ilícito unicamente para evitar que as investigações contra ele continuem e cheguem ao esclarecimento de suas condutas, bem como para reiterar nas práticas delitivas".

O peemedebista é investigado em três inquéritos sob suspeitas de corrupção, sendo que um deles já virou denúncia ao Supremo Tribunal Federal, acusado de receber propina de contrato com a Petrobras.

Em relação ao processo pela cassação de seu mandato no Conselho de Ética, o presidente da Casa Legislativa disse que recorrerá na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por sua nulidade. Ele disse ainda que pode não cumprir o prazo e apresentar defesa à abertura da investigação por quebra de decoro parlamentar.

Para ele, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), desobedeceu o regimento interno da Câmara ao não ter reiniciando o trâmite do processo quando da troca do relator.