Assim como a vacinação para o restante da população do Tocantins, que está abaixo do esperado, a imunização nas aldeias também caminha em passos lentos. Na visão do  Instituto Indígena do Tocantins (Indtins), o fato pode estar relacionado às fake news que se espalham nas comunidades.  

Desde o início da pandemia, 18 de março de  2020 no Tocantins, até o momento, conforme o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Dsei-Tocantins, 6.079 indígenas acima de 18 anos tomaram a vacina contra a Covid-19. Destes, 5.573 receberam a primeira dose e 4.967 estão imunizados, ou seja, tomaram as duas doses. O levantamento indica que apenas 35,48% dos povos estão completamente vacinados (primeira e segunda dose) no Estado. 

Este percentual se refere à população de 14 mil indígenas residentes no Estado, apontados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), distribuída em nove etnias: Karajá, Xambioá, Javaé (que formam o povo Iny) e ainda os Xerente, Apinajè, Krahô, Krahô-Kanela, Avá-Canoeiro (Cara Preta) e Pankararu. 

No Dsei-Araguaia, que engloba os povos Karajá e Javaé, 2.049 indígenas acima de 18 anos se vacinaram com a primeira dose, 1.610 segunda dose. Entre o público adolescente, 190 tomaram a primeira dose e 22 a segunda dose. Quanto às doses de reforço, 131 indígenas entre 18-59 anos tomaram o imunizante e 12 entre 60-69 anos e 75 idosos indígenas acima de 70 anos.

Por outro lado, dados do portal Integra Saúde, da Secretaria Estadual da Saúde (SES), até a última atualização dos dados vacinais, 15 de dezembro, 5.766 indígenas tomaram a primeira dose da vacina, 4.710 tomaram as duas doses, um indígena imunizado com dose única e 106 tomaram a dose de reforço da vacina.

“Esse número é um fracasso na vacinação. Temos uma memória social e deveria ter uma campanha forte de vacinação, então sempre tivemos preferência e com a Covid-19 não teve essa campanha e nem conscientização diante da comunidade de um vírus mortal”, analisou a presidente do Instituto Indígena do Tocantins (Indtins), Narubia Werreria, pertencente ao povo Iny Karajá, da Ilha do Bananal. 

O percentual de vacinados não condiz exatamente com cada aldeia específica no Tocantins, porque não há um levantamento individual dos órgãos de Saúde em cada comunidade. Até mesmo devido à separação dos DSEIs, que englobam também etnias do Mato Grosso.  

A conselheira distrital de Saúde Indígena do Araguaia e também presidente da Associação Indígena do Vale do Araguaia  (ASIVA), Eliana Karajá, a coordenadora do Coletivo Mulheres Iny, argumenta que o grupo realizou várias campanhas de conscientização para que os povos se imunizassem contra o vírus e que o coletivo de mulheres, além de fazer um trabalho de “formiguinha” para explicar sobre os efeitos da doença, sintomas e vacinação, também tentou minimizar o sofrimento dos povos com arrecadação de alimentos para os mais afetados na pandemia. “Nós mulheres Iny, junto com o coletivo, levamos o conhecimento sobre a importância dessa vacinação. Então levamos as informações, tanto na língua, como em português”.