Nesta quarta-feira, 3, através de uma nota técnica, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram um estudo que estima os números do teletrabalho no Brasil e no Tocantins, denominado de: “Potencial de Teletrabalho na Pandemia: Um Retrato no Brasil e no Mundo”.

Segundo o IPEA, as medidas de distanciamento social adotadas para conter a disseminação da Covid-19 levam à necessidade da avaliação de quantos trabalhos podem ser realizados remotamente, ou seja, em casa. No País, apenas 22,7% das ocupações podem ser realizadas através da modalidade, esses dados atingem 20,8 milhões de pessoas.

Com base no PNAD Contínua do primeiro trimestre de 2020/IBGE, a pesquisa aponta que o Tocantins registra 134.190 pessoas em situação de trabalho remoto, o que representa 21%, da média nacional do percentual potencial de teletrabalho, o que deixa o Estado, proporcionalmente, em 9º no ranking brasileiro.

Segundo a nota técnica, “o estudo evidenciou que há uma correlação positiva entre o percentual de teletrabalho e a renda per capita dos estados brasileiros”. Dessa forma, o Distrito Federal, estado com o maio PIB per capita do País, aparece com o maior percentual de teletrabalho (31,6%), em torno de 450 mil pessoas. São Paulo e Rio de Janeiro também ficam acima do potencial nacional, com 27,7% e 26,7%, assim como os três estados da Região Sul. O restante dos estados tem percentuais menores que a média de 22,7%, sendo os menores no Piauí, com 15,6%, Pará, com 16%, e Rondônia, com 16,7%.

Por outro lado, o Tocantins mesmo com a renda per capita menor que o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, aparece na frente desses estados no ranking do teletrabalho do IPEA.

Ocupação

Na pesquisa brasileira, assinada pelos pesquisadores Felipe Martins e Geraldo Góes, do Ipea, e José Antônio Sena, do IBGE, que usaram metodologia internacional adotada por pesquisadores da Universidade de Chicago, as análises das ocupações foram agrupadas seguindo critérios internacionais.

Os maiores percentuais de probabilidade do home office estão nos grupos profissionais das ciências e intelectuais (65%), diretores e gerentes (61%) e trabalhadores de apoio administrativo (41%). Já para membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares, a probabilidade é estimada em 0%, mesma estimativa para operadores de instalações e máquinas e montadores, para ocupações elementares e para trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e pesca. 

Outros grupos com baixo potencial para o teletrabalho são: trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados, com 12%, e os trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios, com 8%.

Conclusão

Nas considerações finais do estudo, os pesquisadores apontam a constatação que o percentual de pessoas em teletrabalho possui variações significativas entre os estados da Federação e os tipos de atividades ocupacionais, além de mostra a relação entre a renda per capita e percentual de teletrabalho.

“Este trabalho demonstrou claramente esses aspectos no que se refere as pessoas em teletrabalho, revelando as desigualdades regionais e as diferenças no acesso a essa modalidade no território nacional. As perspectivas da retomada das atividades econômicas após a Pandemia devem levar em conta as novas modalidades de trabalho que emergiram de forma marcante no período de isolamento e que, muito provavelmente, serão mais utilizadas, o que reforça a necessidade de estudos que quantifiquem e localizem essas novas possibilidades de teletrabalho.”

O estudo completo pode ser acessado através do link.