“A cidade é feita para as pessoas e, portanto, deve ser pensada a partir delas.” Jaime Lerner

A pré-campanha das eleições municipais de 2024 está em plena ebulição país afora e Tocantins adentro, na grande fogueira da lógica eleitoral, do personalismo e das vaidades que predomina na política. O que podemos e devemos fazer como gestores, técnicos, cidadãos (e também políticos!) interessados na lógica do desenvolvimento é vacinar a todos com boas ideias, causas e projetos de cidades, discutidos em inúmeras interações pessoais, institucionais (e políticas!) que construam governanças temáticas e intersetoriais – uma “inteligência coletiva” que contraponha e supere aqueles vícios. Como um reality que discuta coisas importantes, e que resultem na melhoria efetiva da vida das pessoas. Um bom exercício nesta direção é elencar e debater os desafios que Palmas enfrenta para se desenvolver de verdade e os exemplos de cidades brasileiras que estão muito à frente de nós.

Diagnóstico rigoroso

Palmas é uma cidade dita “eficiente”, mas não é eficaz nem efetiva – faz certo muitas coisas erradas. Palmas é esparramada, cara e muito quente. Ela é elitista, burocrática e não empreendedora. De um lado, ela é amiga dos carros; de outro, inimiga dos pedestres, dos ciclistas e da sombra. Amiga do concreto, do asfalto e dos muros; inimiga (não declarada) da natureza, dos espaços livres e das árvores. Seus “cidadãos” flertam com o desrespeito e até a violência nas casas, no trânsito, nos espaços públicos e na sujeira; suas instituições permanecem inertes na não educação das pessoas. Dita moderna, é disfarçadamente subdesenvolvida – ainda mais se posta de frente com o seu enorme potencial não realizado em várias dimensões e com outras cidades brasileiras. Podemos chegar lá de forma relativamente fácil e rápida, mas ficamos dormindo no meio (ou no terço) do caminho.

Como? Soluções organizadoras

As leis, políticas e planos que compõem o arcabouço legal palmense precisam ser postos em prática, aperfeiçoados e integrados durante este processo executivo. Os diversos conselhos, secretarias e o parlamento da cidade devem funcionar como caixas de governança, diálogo e ressonância. É imperativo também que a gestão municipal seja preditiva, integrada e sistêmica. Que a burocracia – inclusive a digital, seja duramente combatida e substituída por gestão eficaz. Que a cidadania seja exercida com participação e responsabilidade. E que políticos e gestores ajam como líderes servidores e inspiradores, não autoridades – como maestros de uma grande orquestra tocando uma sinfonia para o desenvolvimento.

Soluções de mobilidade

É uma grande prioridade social e econômica um sistema de transporte integrado e eficaz que sinergize o bem andar a pé, o de bicicleta e o de ônibus (em calhas e faixas exclusivas) em toda a cidade. E a sua integração com a organização territorial das atividades – via uso do solo; com a promoção do compartilhamento de veículos; e com as diversas interações digitais, uma forma de mobilidade inteligente – o “ir sem ir”.   

Soluções naturais

Florestas, árvores, animais de estimação e silvestres, paisagens: os elementos naturais precisam ser incorporados no processo de construção do microclima, da qualidade de vida, da humanização da cidade e do seu desenvolvimento turístico e socioeconômico. A agricultura urbana e periurbana, bem como os esportes, também têm de estar nesta agenda.  Para tanto, uma (r)evolução na política de parques e jardins deve acontecer, urgente.

Soluções denominadoras

Palmas, que inspira as outras cidades do Tocantins para o bem e para o mal, tem não só a possibilidade, mas a obrigação de ser uma Cidade Desenvolvida – mescla e resultado de uma série de denominações que não sejam apenas marketing vazio, mas que realmente incorporem em seus espaços e políticas públicas, no exercício da cidadania de seus moradores – enfim, no seu espírito, uma série de atributos de Cidades: Educadoras, Saudáveis, Empreendedoras, Digitais, Turísticas, Verdes (e Amigas das Árvores!), Limpas, Pacíficas, Acessíveis, Aprendizes, Inovadoras, Pólos, entre outras. Para então sim atingirem a condição de: Resilientes, Inteligentes, Felizes, Eficazes, Sustentáveis!