Fruticultura IV – o enfrutecer das cidades 
Jornal do Tocantins – Ramis Tetu – 25 AGO 23

“Digam aos justos que tudo lhes irá bem, pois comerão do fruto de suas ações.”
Isaías 3:10 

A produção de frutas nas cidades – ainda que de forma, em escala e com objetivos diversos da produção rural, é possível e necessária, pois traz os seus benefícios socioeconômicos e ambientais para dentro destas, bem como as torna melhores, mais humanas e vivas. Quintais e estacionamentos das casas, escolas, empresas e instituições em geral; calçadas e canteiros das ruas; áreas verdes, praças e parques: todos estes espaços podem abrigar árvores frutíferas, em combinação com as de flores e sombra. Da mesma forma, diversas políticas devem abrigar este plano de enfrutecer as cidades: a ambiental, a escolar, a de saúde pública e nutrição, a de habitação, entre outras.    

Benefícios e funções

Segurança alimentar e nutricional e o combate à fome são prioridades sociais e encontram na produção urbana de frutas um eixo importante, não só pela quantidade produzida, mas pela cultura produtiva e nutricional estimulada nos diversos espaços e públicos, nas escolas, nos quintais das casas, nas áreas livres dos conjuntos habitacionais e do seu entorno. Da mesma forma, a fruticultura urbana pode se tornar relevante e estratégica como fator de geração de renda e trabalho, de gastronomia, de desenvolvimento turístico, de educação e despertar de ofícios, além de cumprir a sua função ambiental de alimentar a fauna urbana ou em trânsito e de fortalecer os corredores ecológicos.

A fruteira certa no lugar certo

As árvores frutíferas precisam ser bem pensadas – como todas as árvores, para não criar problemas de segurança viária, sujeira, entre outros. Variáveis como porte, arquitetura da copa, tipo e tamanho do fruto devem ser levadas em conta junto com a vocação e as características do local de plantio. “Árvores certas nos lugares adequados” é uma máxima do arborismo, que se aplica também às frutíferas.   

Aprendizado pessoal 

Chupar uma fruta colhida no pé ou do seu quintal; acompanhar e entender os ciclos da natureza; conhecer a diversidade de espécies brasileiras com potencial gastronômico e econômico – na casa das dezenas; valorizar as dificuldades, a importância e a beleza da produção agrícola; plantar árvores que dão sombra e frutas para qualquer um: alguns dos pontos pelos quais o convívio com as fruteiras urbanas ajudam a salvar adultos e crianças do nosso excesso de urbanidade. 

Multiplica por mil, multiplica por uma cidade inteira ...  

A seguir, uma estimativa do potencial de produção anual por uma única planta, conforme a espécie: manga, banana e murici – 25 kg; goiaba – 15 a 20 kg; acerola e cajá mirim – 40kg; limão – 80 a 100 kg; jaboticaba – 100 kg;   abacate – 400 kg; cupuaçu – 12 frutos; pequi – 500 a 2.000 frutos. Agora imagine o potencial de produção de frutas nas cidades, considerando lotes residenciais, comerciais, industriais, escolas, prédios públicos, canteiros, jardins, praças e parques!