“Quando estiver comendo a fruta, pense na pessoa que plantou a árvore.” Provérbio vietnamita

A produção de frutas – de espécies nativas ou exóticas, tropicais ou temperadas, convencionais ou não, frescas ou processadas, é um eixo de desenvolvimento sustentável para o Brasil, por uma série de razões. De um lado, a atividade promove: segurança alimentar e nutricional; forte geração de renda e emprego e diversificação da economia com alternativas de produção rural de pequena, média e larga escala, bem como de produção local – urbana e periurbana; criação de agroindústrias, dentro e fora da porteira; de outro, sinergia com o turismo rural e ecológico, e também com a cultura local (inclusive a gastronomia), no conceito de terroir; agrodiversidade e conservação ambiental – em inúmeros arranjos de extrativismo; agricultura pura, mista ou “suja”; e integração lavoura-floresta-pecuária (ILPF). Já temos tradição e liderança mundial na produção de algumas espécies, bem como domínio de conhecimento e tecnologia; e um fantástico potencial de expansão de consumo, produção e exportação – em inúmeras direções. Ou seja, fruticultura é sinônimo de desenvolvimento socioeconômico e ambiental. É preciso exercer todo este potencial redentor, desconhecido e praticamente não explorado, com a ação de todos – setor produtivo; instituições de ensino, pesquisa e extensão; e governos. O Brasil precisa enfrutecer, colocar as frutas na mesa dos brasileiros e no mundo, mas antes na agenda dos governantes!

Segurança alimentar e nutricional 

Frutas são essenciais para a dieta saudável da população, como importantes fontes de vitaminas, fibras e sais minerais e com baixa quantidade de calorias. Além disso, são alimentos saborosos, fáceis de comer e contribuem para a redução dos radicais livres, evitando o envelhecimento e diversas doenças. O estímulo à sua produção quer seja familiar, comunitária ou empresarial; de subsistência ou comercial; no campo ou na cidade, é parte essencial de programas de nutrição, saúde e combate à fome dos brasileiros. 

Consumo  

Apesar de ser o 3º maior produtor de frutas do mundo – atrás apenas de China e Índia, e consumir internamente cerca de 97,5% da sua produção, o Brasil está na 9ª posição em consumo per capita de frutas frescas, com apenas 57 kg/ano, 40% dos 146 kg/ano recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Considerando também que o aumento do consumo é uma tendência mundial – ligada à da alimentação saudável, temos um fantástico mercado potencial interno e externo a ser explorado.     

Produção 

O Brasil ocupa cerca de 7,8% de seu território com lavouras e apenas 0,3% com fruticultura, equivalente a 2,5 milhões de hectares, distribuídos em cerca de 940 mil propriedades, 80% delas de pequeno porte. A produção anual de frutas é da ordem de 41 milhões de toneladas, o que em 2020 rendeu 36 bilhões de reais. A exportação rendeu US$ 1 bilhão em 2021, algo como 1% das exportações do AGRO apenas, sendo que 80% deste resultado se concentra em apenas 7 espécies: mamão, manga, melão, melancia, maça, uva e limão. O suco de laranja não entra nesta conta, corre por fora como carro-chefe de exportação mundial, com US$ 1,9 bilhão em 2019.        

Empregos, muitos 

Esta produção toda gera da ordem de 5 milhões de empregos no país, 11,5 % dos postos de trabalho do Agro. A taxa de empregos na fruticultura é de 2 a 3 postos por hectare – para efeito de comparação, a da soja é de um a cada 200, segundo Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da FGV.