"Há pouco na arquitetura de uma cidade que é mais bonita do que uma árvore." Jaime Lerner

As árvores são amigas não só dos bichos, do clima, das águas, mas também das pessoas, das cidades e de suas políticas públicas, incluída aqui a economia. Amenizam bastante o calor – e o aquecimento urbano é muito pior, mais perto e mais sentido do que o global, mesmo sendo parte dele. Elas são generosas, equipamentos multifuncionais que nos oferecem quase de graça sombra, frutas, as muitas alegrias das flores e dos passarinhos, além de muitos outros serviços importantes. Democráticas, acolhem e assistem sem distinção ricos e pobres, trabalhadores e esportistas, homens e mulheres, crianças, adultos e idosos. Poderosas, trazem vida às paisagens e às cidades. Mas será que nós retribuímos tudo isto? Nossas cidades são amigas destes seres tão especiais? E o quanto esta amizade é benéfica para as pessoas, carrega em si um egoísmo esclarecido e saudável?

Conceito

Uma Cidade Amiga das Árvores é aquela que pratica como prioridade – em seus espaços, políticas, leis e decisões na dimensão pública e privada – o reconhecimento da importância, a compreensão transversal, o gosto e o correto cuidado das árvores e das florestas urbanas. Para tanto, é preciso primeiro que a prefeitura tenha uma política consistente e favorável a elas que atinja todos os seus departamentos: infraestrutura, mobilidade, educação, saúde, assistência social, esportes, turismo, não apenas meio ambiente e parques & jardins. Mas só isto não basta. É preciso que instituições e cidadãos participem deste espírito e das ações consequentes.

Crescendo

Esta cidade nasce e se fortalece nas casas, ruas, quadras, escolas, empresas e instituições amigas das árvores, cada qual com seu protocolo de boas práticas, baseado em suas vocações e forças. Em especial, ela se torna possível quando pessoas e profissões assumem, defendem e cultivam este espírito e praticam esta responsabilidade, ligada à própria evolução das engenharias, da arquitetura e urbanismo, das agrárias e ambientais, da saúde, da educação e demais áreas de conhecimento, de um lado; de outro, da cidadania e da gestão técnica e política.

A pauta desta amizade

São muitos os eixos para exercer esta amizade e este cuidado: priorizar a proteção e a defesa das árvores existentes, combatendo o desmate desnecessário, as falsas razões para derrubar e não plantar, a cegueira projetual; também combater os maus tratos e praticar os bons, sob critérios técnicos amplos; promover podas técnicas e adequadas (tem até normas da ABNT para tanto!), abolir as podas assassinas; plantar bem as mudas, com planejamento estratégico, covas grandes e boa adubação química e orgânica; praticar forte diversidade na política de espécies; corrigir os vícios das políticas de parques e jardins da cidade, cobrando dos gestores um norte adequado e necessário para estas.

Poucas

A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana trabalha no reconhecimento das cidades brasileiras tanto no programa “Tree Cities of the World” em parceria com a Arbor Day Fundation e a FAO-ONU, quanto com o título “Cidade Amiga das Árvores”.

Para se aprofundar na compreensão e na causa ...

... você deve maratonar as Rodas de Conversa no canal da SBAU no YouTube; ler os livros “Verde Urbano” e “Cinco Cidades que nasceram Arborizadas” (com destaque para o capítulo “Palmas: desenho urbano, zeitgeist e (des)arborização”) – ambos disponíveis em meio digital e alcançáveis pelos seus títulos ou pelos links FAO e PNUMA apoiam e-book sobre paisagens verdes urbanas | As Nações Unidas no Brasil e https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5060. E por fim ou começo, associar-se à SBAU – Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, o espaço técnico transversal adequado para trilhar o seu crescimento na compreensão das árvores sob olhares de diversas áreas de conhecimento e gestão.