Nos últimos dias tem circulado em grupos de WhatsApp palmenses um áudio vinculado ao vereador Lúcio Campelo (MDB), que diz que se o paciente diagnosticado com a Covid-19 usar hidroxicloroquina associado à azitromicina desde o começo da revelação da doença em seu organismo ele não vai precisar ir para o hospital.

O parlamentar, que fez uso do medicamento com autorização médica, afirmou ao Jornal do Tocantins que o áudio de 2 minutos e 4 segundos é verdadeiro e vazou de um grupo de amigos. Campelo, que testou positivo para a doença e na contraprova testou negativo em exame realizado no último dia 13 de maio, diz que não mandou ninguém usar a medicação e que o relato do áudio é de uma experiência pessoal.

Em parte da gravação ele diz: “Olha eu depois de ter passado por essa experiência, de ter adquirido o vírus. Eu fico ouvindo muito, eu li muito. Estou isolado, então tenho lido muito e estou pesquisando muito.  Eu posso afirmar para vocês com base na experiência pessoal e individual que estou passando enfrentando o combate ao coronavírus individualmente/pessoalmente no meu organismo, posso dizer uma coisa para vocês: quem fizer o teste e no início descobrir que está testado positivo e começar a tomar hidroxicloroquina com azitromicina e o zinco não vai no hospital não. Talvez alguma pessoa ou outra por uma questão de doença crônica, já não tenha tanta resistência, está com a imunidade muito baixa, aí elas podem precisar de um hospital. Mas isso aí vai ser um índice quase insignificante, porque a maioria do povo nortense geralmente tem imunidade alta. Isso segundo os estudos que a gente está fazendo e lendo aqui.”  

Questionado qual a fonte de suas afirmações, o vereador responde que usa a plataforma online de pesquisas do Google. Além disso, o parlamentar afirma que foi garimpeiro na década de 1980 e fez uso do medicamento várias vezes para curar a malária. Sobre a imunidade alta do povo ‘nortense’ ele diz que a alimentação faz toda diferença. O vereador também acredita que o não uso da medicação no tratamento da Covid-19 é pelo fato do remédio ser barato e não atender os interesses da indústria farmacêutica mundial.

Protocolo errado

No áudio, o vereado também fala que países como Itália, França e Espanha adotaram o protocolo errado e por isso registram muitas mortes. Segundo ele diz na gravação, a forma certa é “sentiu o sintoma, hidroxicloquina com azitromicina vai sarar, não precisa nem ir no hospital. Tanto é que agora no Norte e Nordeste está sendo adotado esse novo protocolo que Ministério da Saúde nosso antes não tinha se quer aceitado, agora ele liberou, e onde as pessoas estão testando e tomando não tão ido mais para o hospital, isso está claro e evidente.”  

Diferente do que é dito pelo parlamentar palmense ainda não há estudos que comprovem a eficácia do medicamento no tratamento dos pacientes infectados com a Covid-19. Nem sobre os efeitos colaterais em quem usa a medicação citada pelo vereador Lúcio Campelo. O protocolo do Ministério da Saúde ainda não fala sobre o uso da cloroquina em pacientes com sintomas leves da doença. Mas isso pode mudar. Eduardo Pazuello, ministro da Saúde interino, apresentou novo protocolo ao presidente Jair Bolsonaro e pelas novas regras, os médicos serão liberados para o medicamento na fase inicial da doença, e não apenas para casos graves, como acontece atualmente.