O padre Fabiano Santos Gonzaga, de 29 anos, foi condenado na última segunda-feira (5), à pena máxima, 15 anos de reclusão em regime fechado, por abusar de um adolescente brasiliense com problemas mentais, na sauna de um clube de Caldas Novas, em 2016.

De acordo com os advogados da família da vítima de 14 anos, a idade mental do menino é de sete a nove anos e não teve como se defender. Gonzaga pregava na Paróquia de Frutal (MG), e foi preso em flagrante em junho de 2016, quando a direção do clube acionou a polícia.

“O réu sempre negou o fato. Quando perguntado sobre a sua promiscuidade, ele se calava ou negava. Chegou a dizer que não era homossexual, mas depois assumiu”, disse o advogado Ueren Domingues de Sousa, assistente da acusação no caso. Ainda segundo Sousa, o religioso pode ter conversado com outros garotos, mas o caso não teve materialidade o suficiente para seguir. “Ele tentava marcar encontro, mas o menino dizia que teria que ser na ausência da mãe”, lembrou.

As fotos e as conversas que estavam no celular do padre contribuíram para a conclusão do inquérito investigado pela delegada Sabrina Leles, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Caldas Novas. De acordo com a delegada, as provas mostram um “um comportamento duvidoso” e “imoralidade em seus atos”, além de contrariar as informações dadas por ele sobre ser celibatário e heterossexual, já que foram encontradas muitas fotos de rapazes nus e apenas de cueca.

Depois que a mãe do menino denunciou o padre, o jovem disse que estava na sauna com o religioso, que ele teria tocado nas suas partes íntimas e o obrigado a fazer sexo oral e beijá-lo.

O advogado Ueren Domingues de Sousa também falou que a defesa do padre tentou confundir a juíza Valeska da Silva Baruki. “Tentavam, de forma clara, desmerecer a palavra da vítima. Ora dizendo que o jovem era homossexual e consentiu com o ato. Ora apelando para supostas inconsistências no depoimento da vítima”, explicou.

Depois do caso, o clube reformou a sauna para aumentar a segurança do local e os advogados do réu apresentaram fotos tiradas após as obras argumentando que as características do local eram diferentes das narradas pelo adolescente. “A delegada que cuidou do caso, sabiamente, fotografou o ambiente na época do crime. Assim, ficou comprovado que a descrição feita pelo jovem é verídica”, finalizou Sousa.

A família do garoto agradeceu o apoio recebido e acredita “que o autor seja rigorosamente punido pela barbaridade de sua conduta, o que pode vir a se materializar através de sua recente condenação”. Os familiares também falaram que “esse tipo de crime evidencia a urgência de punições rígidas contra a violência sexual cometida contra crianças e adolescentes, em respostas rápidas do Poder Judiciário, como ocorreu no presente caso”. Destaca que a sociedade não pode tolerar a banalização de um crime hediondo, “mas, sim, direcionar todos os seus esforços para que outros jovens não sejam vítimas desse tipo de sofrimento”.

Testemunha
Um frequentador do clube, de 42 anos, esteve na delegacia e disse em depoimento que estava com os dois filhos na entrada da sauna, enxugando as crianças, quando o padre chegou e ficou observando as partes íntimas dos três.

O homem perguntou ao religioso o que ele estava olhando, mas o padre não respondeu e entrou na sauna. Minutos depois, essa testemunha viu a mãe da vítima desesperada gritando com outra pessoa. Ele se aproximou e entendeu que era o mesmo homem da entrada da sauna masculina.

No presídio de Caldas Novas, o padre já realizou algumas missas informais, porém, a Arquidiocese de Uberaba (MG) o proibiu de “fazer uso de ordens”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do religioso.