Um levantamento realizado pela direção das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) aponta que 41 pessoas morreram  entre o dia 25 maio do ano passado e o dia 12 deste mês, enquanto aguardavam transferência para o Hospital Geral de Palmas (HGP). Os dados apontam espera de mais 50 horas pela remoção antes da morte de pacientes.

Como o Jto mostrou ontem, houve 20 mortes em 2023 e 21 no entre maio do ano passado, quando o estado implantou a regulação travada de pacientes e dezembro de 2022. De acordo com o levantamento, houve 23 óbitos na UPA Sul, enquanto que na UPA Norte, morreram 18 pacientes. O levantamento porém, não inclui a morte da empregada doméstica Aurilene Lima da Silva, de 41 anos, que morreu no dia 8 de maio, na UPA Sul,após três pedidos de remoção da paciente recusados por falta de vagas. Com a morte dela, o número sobe para 42.

Há casos de pacientes que agonizaram mais de 72  horas à espera de um leito até morrer. É o caso de F.S.D.O. de Palmas, que estava internada na UPA SUl. Ela teve o pedido inserido no Sistema de Regulação Estadual (SER) no dia 13 de setembro do ano passado, às 20h48. Esperou, em vão, por três dias. Morreu no dia 16 de setembro de 2022, às 20h50. Tempo de agonia: 72h e 2 minutos.

A. R.D.S.D.A. teve a inserção no dia 28 de junho, às 14h01miunto. Esperou até 30 de junho, às 18h, quando morreu. O tempo de espera é de 51h52 minutos. Ou seja, dois dias. 

Também é do ano passado a paciente com o terceiro maior tempo de espera. R.M.D.R., de Araguacema, deu entrada no dia 14 de junho, às 1h49min. Morreu dois dias depois, no dia 16, às 17h42min. Tempo de espera: 50h53min.

Neste ano, entre as 20 mortes registradas, M.L.P.D.S. é a paciente com maior tempo de espera. Ela deu entrada no sistema de regulação no dia 13 de abril, às 10h46minutos. Morreu no dia seguinte, às 15h37, uma espera de 28 horas e 51 minutos. 

O novo sistema de regulação implantado pelo governo do Estado em maio do ano passado fez todos os pacientes citados esperarem por tempo acima do que preconiza uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Pela norma, o prazo máximo para um paciente ficar internado em uma é de 24 horas. Ou seja, um dia. O local é de atendimento emergencial e não há estrutura para casos complexos. 

Essa é a principal queixa da Prefeitura de Palmas em uma ação que pede para a Justiça obrigar a gestão estadual a disponibilizar o leito para pacientes na fila da remoção. O juiz Gil de Araújo Corrêa deu o prazo de 48h para o Executivo estadual apresentar dados e informações sobre regulação de leitos antes de decidir o pedido da gestão. A decisão é de segunda-feira, 15. 

Também na segunda-feira, a Secretaria de Estado negou ter conhecimento das 20 mortes apenas neste ano e informou que há 418 leitos gerais, 66 de pronto-socorro e mais 40 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que tem se mostrado insuficiente. “Mesmo com a estrutura, a unidade trabalha com superlotação, devido a grande demanda existente”, diz a nota.

A secretaria afirmou também que contratou mais 64 leitos de UTI na rede privada da capital e 32 leitos clínicos como suplemento aos do HGP e garante ter aumentado em 139% o quantitativo de leitos de UTI no Estado desde outubro de 2021, ao passar de 88 para 211, nas contas do órgão.

O órgão também disse que vai ampliar o atendimento com mais 15 leitos de pronto-socorro no HGP destinado a pacientes com quadro clínico leve. Segundo o órgão, os quadros leves “compreendem aproximadamente 50% dos encaminhamentos da rede de saúde municipal de Palmas”.

Em outro ponto, afirmou que tenta alinhar com os 139 municípios o fortalecimento da atenção básica para "a não transferência de pacientes sem perfil clínico, para as unidades de média e alta complexidade".