O motorista escolar de Silvanópolis Edson Rodrigues da Silva, 50 anos, denunciou à Polícia Civil ter sido agredido por dois policiais militares na noite de 24 de maio. Os militares estavam fardados e desceram da viatura numa rua escura, já descendo o cassetete que lhe acertou na clavícula, no ombro direito e nas costas. Segundo Silva, o motivo do ataque é por ele ter dito aos policiais que omissão de socorro é crime. 
 
Tudo começou, na versão de Silva, quando o carro quem conduzia com a esposa sofreu uma pane na rodovia BR-010 na tarde do dia 24 de maio. Ele precisou seguir a pé para a cidade com a esposa. A mulher tem dificuldades de se locomover em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ele pediu carona aos policiais que passavam com a viatura. Os dois policiais negaram a ajuda com base nos decretos estaduais que regulam os procedimentos policiais. Durante a pandemia de Covid-19 a PM adotou procedimentos internos especiais.
 
Horas depois, segundo seu relato, assim que chegou ao município ele parou para comprar água em um restaurante onde os dois policias serviam refeição. “No restaurante eles fizeram chacota, “chegou, né?’ e eu respondi que omissão de socorro é crime e fui embora, eu ainda tinha de caminhar mais 1 km”, completa.
 
Silva sofreu um infarto no miocárdio há cerca de 4 anos e está afastado das atividades. Ele relata que chegou a fazer xixi durante a agressão. “Eles me bateram, me jogaram em cima do capô da viatura, depois jogaram minhas coisas no chão e me mandaram ir embora”. Silva disse que aguarda o laudo para levar o caso ao GECEP (Grupo Especial do Controle Externo da Atividade Policial).
 
Versão da PM
 
A assessoria de comunicação da PM afirma que a corporação não recebeu nenhuma denúncia sobre esse fato. De acordo com a nota da corporação há registro de um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra o motorista “por desacato aos policiais militares que estavam de serviço em Silvanópolis” naquele dia.
 
“A versão dos policiais é que o denunciante estava com o veículo danificado e pediu carona, sendo informado pelos componentes da guarnição que devido a pandemia não era recomendado tal procedimento, uma vez que o solicitante não apresentou nenhuma necessidade iminente de socorro”, afirma a nota da PM.  
 
Segundo o texto, caso o motorista formalize “denuncia com fatos consistentes” a Corregedoria irá instaurar “os procedimentos administrativos cabíveis”.