A cantora Marisa Monte pediu ao Tribunal Superior Eleitoral que artistas possam vetar o uso de suas obras em jingles políticos nas eleições municipais vindouras. Ela participou de audiência pública para discutir a respeito do tema e disse que “isso pode gerar potencialmente uma série de associações bizarras entre personalidades, ideologias, entre partidos, candidatos, numa clara violação moral para os autores. Não tem como dissociar um direito do uso da minha criação da minha pessoa”. 

Ela disse que essa é uma preocupação de toda a classe e que a paródia é uma exceção legal, com finalidade exclusiva para o humor. O uso eleitoral seria desvio de finalidade. “Me sinto violentada com a possibilidade de ter a minha obra usada compulsoriamente, adulterada, ainda mais com as possibilidades que a inteligência artificial vai trazer, numa campanha política eleitoral. Na próxima campanha, por exemplo, serão 500 mil candidatos, e vocês imaginam o tamanho do risco que isso representa moralmente para uma classe, que hoje se vê muito preocupada com essa questão”, declamou Marisa. 

Nessa mesma audiência, Paula Lavigne, conhecida empresária do meio e esposa de Caetano Veloso, fez coro com Monte e aproveitou para vociferar, também, contra a insegurança jurídica no que diz respeito aos eventos privados de arrecadação de recursos para campanhas eleitorais e solicitou mais clareza nas regras em relação ao que é permitido aos artistas e a toda cadeia produtiva, como as bilheterias e a divulgação do evento.