Indígenas de aproximadamente nove aldeias do povo Xerente estão abandonando suas casas devido ao medo causado pelas enchentes no Rio Tocantins próximo à Tocantínia, distante 74 km de Palmas, especialmente os que moram na beira rio. O município está localizado abaixo da Usina Hidrelétrica de Lajeado e o aumento no nível do rio Tocantins assustou moradores da região. A praia, próxima à cidade, está submersa, postes da orla quase desapareceram e em alguns pontos, a água subiu até próximo à copa de árvores. 

Conforme a chefe de Esquadrão da Brigada Feminina Xerente, Vanessa Sidi Xerente, muitos indígenas estão com medo das enchentes, até mesmo por causa da falta de informação nas aldeias. “Alguns indígenas moram às margens do rio e o medo se torna cada vez maior. A informação sobre o evacuamento não tem chegado até essas pessoas. Acho um absurdo, das autoridades, não levar essas informações até as aldeias” . A líder disse que muitos indígenas desinformados, após receberem fake news.

Em uma das aldeias  que fica nas margens do rio, os indígenas saíram ainda nesta segunda-feira, 27, porque estão com medo das casas ficarem inundadas. “Conversei com as brigadistas que moram próximo a esses locais e elas me contaram que os indígenas não estão dormindo direito com medo das enchentes”. 

Ao Jornal do Tocantins, o cacique Paulo César Xerente, da aldeia Porteira, localizada no município de Tocantínia, afirmou que praticamente todos os indígenas saíram de suas casas devido ao medo das enchentes. “Essa vazão da água não chega de forma clara para a gente e não tranquiliza principalmente os Akwē, que têm o direito de saber a verdade. Hoje  pela manhã tive uma reunião com a comunidade a respeito dessa enchente, tentei tranquilizar, mas infelizmente a opção da maioria foi deixar a aldeia”.

Ainda segundo o cacique, não somente a comunidade da aldeia Cachoeira está em pânico com as enchentes, mas também a comunidade da aldeia Boa Fé. "Toda a população dessa aldeia não se encontra mais nas suas residências. Eles deixaram todos os pertences para trás", contou.

Estado enviará cestas básicas aos municípios atingidos pelas enchentes  

Além de Tocantínia, as chuvas fortes que caíram nos últimos dias impactou diversos municípios no Estado. Na tarde desta segunda-feira, 27, o governador Wanderlei Barbosa (sem partido) determinou à Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) que designe cestas básicas para atendimento das famílias necessitadas de alimentos em cidades como: Peixe, Paranã e Miracema do Tocantins, que estão entre as atingidas pelas cheias dos rios.

Segundo a Secretaria da Comunicação (Secom), o Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins atua nestas cidades, junto às Defesas Civis municipais, no atendimento imediato de socorro, resgate e levantamento das situações de risco e perigo.

A pasta informou que a Agência Tocantinense de Transporte e Obras (Ageto) acompanhará de perto os impactos das chuvas e cheias nos municípios em relação  à infraestrutura das estradas para que elas sejam reparadas com agilidade, de forma a minimizar os problemas de escoamento de gêneros de primeira necessidade, como alimentos, e de transporte da população.

“A partir desta terça-feira, 28, equipes do Corpo de Bombeiros irão se deslocar para os municípios mais ao norte do Estado, de forma a atender àqueles municípios”, ressaltou a Secom.

Investco afirma que vazões continuam chegando em números altos no lago

A Investco, empresa responsável pela gestão da Usina Hidrelétrica de Lajeado, informou que as comportas estão abertas desde meados de dezembro, devido ao aumento das chuvas na bacia do rio Tocantins. "Sendo assim, a Empresa esclarece que a quantidade de água que escoa por seus vertedouros é a mesma que ingressa por meio da chuva, um fenômeno natural sobre o qual a usina não têm nenhuma influência". 

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a UHE Lajeado tem mantido a Defesa Civil e as prefeituras de suas áreas de abrangência informadas de quaisquer incrementos de vazão detectados e orientam a população que reside ou visita as praias abaixo da usina a ficarem atentas à elevação do nível da água e evitarem o banho na região. "A Investco acrescenta que a hidrelétrica segue operando segundo as orientações do Operador Nacional do Sistema (ONS)".

Também conforme a UHE, as vazões continuam chegando em números muito altos ao lago de Palmas, o que fará com que ao longo desta terça-feira, 28, os níveis se mantenham abaixo da usina. "Assim que os níveis de entrada no lago forem baixando a usina irá reduzindo as vazões, e consequentemente os níveis abaixo dela".