Um documento entregue à Promotoria de Justiça de Araguaína, assinado pela Superintendente de Unidades Hospitalares Próprias da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Elaine Negre Sanches e pelo diretor geral do Hospital Regional de Araguaína (HRA) Vânio Rodrigues de Souza mostra que o governo do Tocantins gastaria R$ 1.740.529,00 se optasse por montar dez novos leitos de UTI para pacientes com Covid-19.
Na segunda-feira, o governo contratou dez leitos de UTI para pacientes com Covid-19 do Instituto Sinai pelo valor de R$ 2.459.236,53. Os leitos privados vão funcionar de forma complementar ao Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Para montar uma UTI, segundo o documento é necessário espaço físico equipado com rede de gases medicinais, equipamentos específicos para UTI, como materiais e equipamentos essenciais de atendimento ao paciente. 
 
Entre os equipamentos estão bombas de infusão, monitores multiparamétricos e ventiladores, insumos e medicamentos. Inclui ainda equipamentos de proteção individual, como máscaras faciais, aventais, luvas, máscara protetor facial face shield, proteção para os olhos e produtos para higiene das mãos. Também inclui serviço de limpeza/higienização, lavanderia e esterilização.
 
Só com os equipamentos fundamentais para UTI Covid, os dez leitos de UTI custariam R$ 1.740.529,00, segundo a SES.  
 
Além dos equipamentos, outra parte onerosa é dos profissionais que atuam na UTI. A lista dos profissionais essenciais ao leito de UTI Covid, são parametrados peal Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não variam de quantidade de 1 até 10 leitos. 
 
A lista inclui 7 médicos, 9 enfermeiros, 39 técnicos de enfermagem, 6 fisioterapeutas, 4 assistentes sociais, outros 4 psicólogos e 5 administrativos, totalizando 74 profissionais, com uma fola mensal de R$ 189.055, 61, de acordo com a SES.
 
Para o conselheiro federal de medicina, Estevam Rivello Alves, há na região do Tocantins escassez de formação profissional para atuar no tratamento intensivo. “Há  carência na formação médica e de outros profissionais nessa área que auxiliam muito no atendimento crítico”, afirma.
 
Alves defende leitos de UTI em grandes centros, pelo custo para montar e manter esse tipo de atendimento em cidades menores ou no interior, como Augustinópolis, Araguatins, no Bico do Papagaio, como chegou a ser ventilado no Tocantins.
 
"Não há possibilidade alguma de praticar medicina intensiva nesse momento com a qualidade que a população precisa e necessita com profissionais especialistas nesse momento para atender microrregião como Augustinópolis". Ele defende melhor planejamento do investimento para facilitar a regulação de pacientes críticos para centros onde é mais viável a manutenção dos leitos, como Gurupi, no sul do Estado, Araguaína, no Norte e na capital Palmas.
 
Ampliação com rede privada: mais 90 leitos
 
No documento, a SES diz que após analisar a situação das estruturas de serviços de saúde na rede própria, se detectou "as dificuldades de ampliação desta rede sem a participação do setor privado complementar" e a saída é a contratação emergencial de UTIs da rede prviada. 
 
Segundo a SES, atualmente são 205 leitos clínicos e 103 leitos de UTI, com retaguarda dos 21 leitos de estabilização, com capacidade de atendimento de urgência e emergência em todas as regiões do Estado. Até o dia 31 de agosto, a estimativa da secretaria, diante do crescimento dos casos de covid no Tocantins é precisar de  238 leitos clínicos (mais de 30) e de 190 leitos de UTI (mais de 80 novos leitos).