A Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) deslocou uma força-tarefa nesta quarta-feira, 27, para a comunidade quilombola Rio Preto, em Lagoa do Tocantins, para acompanhar o conflito agrário instalado na disputa por terras onde fica o território quilombola, alvo de denúncias de violação de direitos humanos e ataques com fogos e tiros no final de semana.

Pela manhã, a equipe ouviu os relatos da comunidade e as falas da secretária, Narubia Werreriá, do coordenador estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (Coeqto) Gederson Moreira Cezar e da presidente da Associação da Comunidade Rio Preto, Rita Lopes dos Santos.

A titular da pasta, Narubia Werreria, afirma que se trata de uma "missão emergencial diante dos últimos ataques" e lembrou a atuação da pasta para conseguir uma decisão provisória que deu posse provisória para comunidade. O parecer do jurídico do órgão "comprovou que aqui é a comunidade quilombola e por isso deveria ser tratada como quilombola", destacou.

De acordo com a secretária, há uma articulação com o Ministério da Igualdade Racial, o Ministério dos Direitos Humanos e com a Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil para tentar melhorar a segurança da região onde há o conflito agrário.

Gederson Moreira Cezar afirma que ao final da visita, será emitido um relatório para apresentar ao secretário da Cidadania e Justiça com alguns apontamentos e pedido mobilização. "A questão (da disputa das terras) está judicializada e a decisão final vai partir da Justiça, mas penso que quando há uma mobilização dos órgãos e da sociedade, contribui para que de fato seja feito Justiça", disse.

Ele defende que o estado deve acompanhar de perto, produzir relatórios e "estar presente quantas vezes for preciso para que haja equilíbrio das forças" e demonstrar que "existe uma rede de proteção, seja da entidade civil, seja do governo, seja de quem de quem pode dar voz à comunidade".

Presidente da associação, Rita Santos demonstrou preocupação com o tempo para a plantação de mantimentos e que as ações agressivas podem comprometer a colheita. "A gente tá trabalhando, não conseguimos ainda não, mas aqui assim as roças elas funcionam neste período, agora é hora de plantar antes da chuva. A chuva decide. É preciso seguir o ciclo. E toda esta região de plantação, foram destruídas, a roça de abacaxi, pisaram por cima, a roça de arroz, eles pisam por cima, não chega a colher, entendeu".

No período da tarde, a força tarefa irá fazer escuta da comunidade com os órgãos de proteção, com integrantes da  Polícia Militar e da Polícia Civil, visita aos locais de ocorrência do tratoramento e fogo que destruiu casas e desmonte de uma ponte usada para acessar a comunidade. A força tarefa também tem um audiência com juíza de Novo Acordo, Aline Bailão Iglesias, no fórum.