A maioria dos plantonistas do Hospital Regional de Araguaína (HRA) se recusa "veemente" a assumir plantão na UTI Covid alegando não ter preparo técnico para assumir uma função para a qual não se sentem capacitados. A deliberação está em uma carta com a assinatura de 15 profissionais enviadas ao diretor técnico do HRA, Sérgio Nogueira de Aguiar, nesta segunda-feira, 3.
 
Na carta, os médicos dizem que se forem obrigados a atuar na UTI, não irão assumir responsabilidade da UTI que não possuem noção mínima de como fazer, e citam: "intubação, troca de tubos, alteração de parâmetro ventilatórios, alteração de drogas vasoativas importantes na manutenção da pressão arterial e perfusão tecidual".
 
Em outro ponto, reclamam da falta de capacitação por parte do governo que não ofereceu capacitação quando a pandemia iniciou. "Não houve nenhum processo de capacitação em medicina intensiva, bem como não foi oferecido nenhum outro apoio científico, no intuito de aperfeiçoar o corpo clínico no início da epidemia e que mesmo agora se fosse oferecido, não haveria tempo hábil.".
 
“Não há como preencher a escala de UTI-Covid, a não ser obrigando a SESAU (sic) a reverter o quadro de exoneração em massa dos plantonistas que foram treinados, para que tudo volte a normalidade”, concluem.
 
Apoio por indenização 
 
Uma carta aberta à população tocantinense, assinada por coordenadores de áreas do Hospital Regional de Araguaína (HRA) pede apoio para sensibilizar o governo do Tocantins no pagamento de indenização extraordinária para médicos especialistas que dividem seus plantões entre as UTIs Covid e outros setores do hospital, como sala vermelha, sala amarela, sala verde e enfermarias.
 
O pagamento da indenização Extraordinária de Combate à Covid-19 para médicos que atuam exclusivamente em UTI é um dos fatores que levaram médicos a pedirem demissão e causa desfalque na escala do covidário do HRA o que levou ao bloqueio de 7 leitos montados dos 17 disponíveis no hospital.  O caso chegou ao judiciário que deu liminar obrigado a convocação de plantonistas de sobreaviso para o funcionamento de todas as UTIs Covid no local.
 
Na carta, os médicos lembram que houve um descumprimento do acordo feito com profissional capacitado para atuar na UTIs. O acordo, com maior parte dos médicos do HRA, previa pelo menos um plantão em outro setor, que mesmo assim, receberiam a indenização extraordinária. O acordo levou médicos especialistas a fizerem, em média, 8 plantões na UTI Covid e 1 em setores como sala vermelha,  mas o governo decidiu que ele ficarão sem o bônus, porque deixaram de ter atuação "exclusiva" da UTI Covid. 
 
Os médicos pediram dispensa dos plantões nesses leitos para atuar apenas em suas respectivas áreas, o que contribuiu para o bloqueio de 7 leitos.
Na cartam, eles lembram que são profissionais “permanentemente expostos” ao contágio o que afeta também seus familiares e que em UTIs Covid, no município de Araguaína e no serviço particular, o bônus é até 300% a mais do que o que é pago aos profissionais do HRA.
 
“Solicitamos à Sociedade Civil de Araguaína que tente sensibilizar o Governo do Tocantins a cumprir seus acordos com a classe médica, pois nossa cidade vem sendo relegada a segundo plano, principalmente na área da Saúde”.