Em torno de 30 crianças e adolescentes, de 7 a 16 anos, indígenas estão sem aulas devido às enchentes do rio Formoso. As constantes chuvas fizeram com que a água invadisse a escola da aldeia Catàmjê, pertencente aos povos Krahô-kanela e impedisse o retorno das aulas, as quais deveriam começar no início deste mês. 

Em imagens já divulgadas pelo Jornal do Tocantins é possível observar que as cadeiras do local onde funcionam as aulas estão com os pés cobertos de água e agora a preocupação dos indígenas é que este atraso nas aulas influencie no desempenho dos alunos durante o ano.

Segundo o prsidente da Associação do Povo Indígena Krahô-Kanela - Povo Catàmjê, o cacique Wagner Krahô-Kanela, a comunidade recebeu uma tenda cedida pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc), porém, ele diz que os indígenas não conseguiram instalar a tenda devido à  falta de equipamentos. “O atraso é ruim porque as crianças já irão iniciar o ano letivo desmotivadas, além do aprendizado delas ficar bem comprometido”.

Wagner ainda afirmou que nesta quarta-feira, 23, às 17 horas, representantes dos povos Krahô-Kanela irão se reunir com a Seduc para cobrarem a construção de uma escola através de emenda parlamentar. “Queremos uma escola própria dentro da aldeia para atender a comunidade indígena com o modelo da nossa educação indígena”. 

O presidente afirmou que a cobrança será para que a escola seja construída ainda neste ano de 2022.  “A escola é um meio de fortalecer a comunidade, preparar os jovens para o futuro e preservar a cultura indígena. Queremos que a estrutura tenha duas salas de aula e uma parte central com formato redondo, para preservar a cultura a indígena. Uma das questões que hoje lutamos na comunidade é o fortalecimento da cultura do povo krahô-Kanela. Temos um projeto de revitalização da língua para que seja preservado nossos costumes”

Chuvas 

O cacique destaca que 70% da aldeia está alagada e as chuvas causaram enormes prejuízos para a comunidade que depende da lavoura e criação do pequeno rebanho de gado. “Perdemos a roça, as casas estão dentro da água e a pequena criação de gado que temos está passando fome. É uma situação difícil para nossa comunidade, muita tristeza”, lamenta.

O representante mais uma vez reforçou que a comunidade necessita da atenção do poder público para atravessar a situação das enchentes. “Precisamos fazer um aterramento para que não aconteça mais esse alagamento em 2023. Então esse é o meu pedido. Preciso de apoio aqui na minha comunidade para meu povo relacionado à educação, saúde e sustentabilidade alimentar. Nesse momento eu peço esse apoio de vocês que são as autoridades competentes para que nos ajude”.

Seduc

Através de uma nota enviada ao Jornal do Tocantins, a Secretaria de Estado da Educação confirmou que a escola da aldeia Catàmjê foi inundada pela cheia do Rio Tocantins ocasionada pelas fortes chuvas que atingiram a região, no início do ano. 

A pasta disse ainda que contratou para o fornecimento de uma estrutura provisória que atende aos estudantes na região. Segundo a secretaria, ao ser noticiada de problemas estruturais, a Seduc acionou a empresa responsável para realizar a manutenção e adequações necessárias.  “Além disso, a Seduc ainda avalia a situação da escola na aldeia, para que as atividades sejam retomadas no local assim que possível”, finaliza a nota.