Por meio de uma nota divulgada nesta sexta-feira, 31, o Ministério Público do Tocantins (MPTO) e a Defensoria Pública do Estado (DPE-TO) alertaram os moradores de Araguaína e prestaram esclarecimentos com relação à taxa de ocupação de leitos de UTI na cidade. Para os órgãos, o relaxamento das medidas de distanciamento social e informações equivocadas passam falsa sensação de tranquilidade quanto à Covid-19.

A nota, assinada pelos promotores de Justiça Saulo Vinhal e Leonardo Olhe Blanck e pelo defensor público Sandro Ferreira, diz haver distorções da taxa de ocupação dos leitos de UTI decorrentes de falhas na transparência dos dados. A afirmação é baseada no fato de que os boletins divulgados somam todos os leitos avançados (leitos de estabilização em UPA, leitos pediátricos e leitos privados) para chegar ao cálculo do percentual, quando, na verdade, os percentuais deveriam ser analisados isoladamente, para cada grupo de leito.

“Com um número maior de leitos na base de cálculo, há uma distorção da taxa de ocupação, a qual tende a ser menor, produzindo a falsa impressão de tranquilidade”, diz o documento.

A nota prossegue e relata que os leitos pediátricos não podem ser ocupados por adultos e os leitos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) não deveriam ser considerados no cálculo da oferta, por serem destinados a pacientes transitórios. Em outro ponto, o documento fala que algumas vezes, por questões pontuais, leitos são bloqueados pois não têm condições de tratamento de paciente, mas, ainda assim, constam como leitos abertos e em funcionamento.

“É o que acontece agora, por exemplo, com o Hospital Regional de Araguaína. Não obstante contarmos com 17 vagas de UTI exclusivas para pacientes com covid-19, apenas 10 leitos estão em operação, estando os demais bloqueados por falta de profissionais. Hoje o HRA experimenta uma taxa de 90%, mas nos últimos dois dias estava completamente lotado. Situação agravada pela lotação total da UTI no Hospital e Maternidade Dom Orione, sendo que nos últimos dias as vagas para tratamento intensivo estavam disponíveis estavam no Hospital Municipal de Campanha, que possuía apenas 3 leitos disponíveis, segundo último boletim.”, diz a nota.

A nota finaliza com pedidos à população para se prevenir e a adotar meditas de isolamento social. Essas ações podem ajudar para que não haja aumento no número de doentes, de pacientes hospitalizados e de mortes no município.

“Ainda que estejamos trabalhando para ampliar a disponibilidade de leitos em Araguaína, sem o esforço conjunto de todos não conseguiremos deter a Covid-19 e sofreremos inevitavelmente os seus terríveis reflexos em todo o sistema de saúde – como já estamos sofrendo, aliás”.

Araguaína registrou no mês de julho uma média diária de 100 diagnósticos positivos de Covid-19, maior média do período de pandemia.

Confira nota na íntegra