Se por um lado as medidas anunciadas pelos poderes, órgãos públicos e instituições privadas de ensino demonstram a aplicação de distanciamento social de alunos e servidores públicos como medida de prevenção ao coronavírus, o cenário parece não encontrar ressonância nas unidades de saúde, segundo relatos colhidos pelo Jornal do Tocantins nos dois principais hospitais públicos da capital: o Hospital Geral de Palmas (HGP), referenciado para os casos de Covid-19 e também no Hospital e Maternidade Dona Regina.

Embora como um Plano de Contingência e as garantias de que o Estado está preparado para o enfrentamento da epidemia, o Jornal do Tocantins recebeu relatos dos dois principais hospitais públicos da Capital, o Hospital Geral de Palmas (HGP) e o Hospital e Maternidade Dona Regina, de que há falta de luvas, sabão e papel toalha, além do não atendimento do protocolo para os casos suspeitos de coronavírus Covid-19.

No HGP, há relatos de que a Farmácia da unidade não tem máscaras NR 95 para profissionais e pacientes suspeitos de estarem com o vírus. Um dos pacientes investigados com sintomas “seguiu para a UTI quando deveria ficar no isolamento na UCI pelo protocolo criado", conta um médico do HGP, que pediu para não ser identificado, numa referência ao Plano de contingência.

Um suposto paciente que estaria com suspeita, tanto de H1N1 quanto de Covid-19, que teria ficado junto com outros pacientes, sem máscara, na sala vermelha de uma unidade de saúde depois no Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) também sem o isolamento próprio.

Profissionais que atuam a UTI, PS e UCI do HGP também afirmam que não houve treinamento ou qualquer orientação mínima dos responsáveis para que possam dizer que estão preparados, nem há material disponível para uso imediato nas farmácias.

Treinamento, sabão e papel

Fisioterapeutas ouvidos pelo JTo, observam que são eles os responsáveis pela readaptação respiratória dos pacientes e afirmam que não está fácil o acesso às máscaras definidas em protocolo. Um dos profissionais afirma que falta sabão para lavar e papel para enxugar as mãos, porque só é oferecido uma vez ao dia. Também falta álcool gel nos dispositivos espalhados no hospital.

Um suposto paciente que estaria com suspeita, tanto de H1N1 quanto de Covid-19, que teria ficado junto com outros pacientes, sem máscara, na sala vermelha de uma unidade de saúde depois no Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) também sem o isolamento próprio.

Dona Regina

Os relatos de servidores, que pediram para não serem identificados, também afirmam que nesta sexta-feira, 13, não havia máscara nem para os funcionários do Dona Regina.  Além disso, parte da equipe médica defende a possibilidade de restringir as visitas somente aos pais, mas como a unidade é reconhecida como "amigo da criança" há impeditivos para essa medida.

Material e descarte

Em nota, o Sindicato dos Médicos, afirma ao JTo que vai cobrar que "as autoridades coloquem o mais rápido possível, os materiais necessários e equipamento de proteção também necessário e também treinamento do uso de descarte desses materiais, que seja feito para todo os profissionais, o mais breve possível, porque não há condição de atendimento sem que os materiais necessários estejam disponíveis aos profissionais".

SES

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que o HGP é a unidade de referência, aprovada pelo Ministério da Saúde (MS) “para tratamento de pacientes que apresentarem sintomas agudos de síndromes respiratórias que se enquadrem nos critérios de encaminhamento do Covid-19”. Essa unidade conta com 14 leitos isolados na ala de internação e outros três leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A SES reforçou também que o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) está acompanhando todos os casos possíveis que possam surgir no Estado.

Atualmente são oito casos, cinco deles em Palmas, e o restante em Araguaína, Paraíso e Porto Nacional. A pasta não informou em que unidades hospitalares os pacientes suspeitos e, como chegaram as unidades.

“Os casos se enquadram em critérios preliminares de encaminhamento e acompanhamento e aguardam resultados preliminares de exames que estão sendo realizados no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) para síndromes respiratórias, como Influenza”, disse também na nota.

A gestão reforçou em dizer que a rede estadual de saúde foi preparada com antecedência para pacientes com a possibilidade de contaminação pelo Covid-19 e que esse acompanhamento fosse realizado de forma correta. O Plano de Contingenciamento do Tocantins é reconhecido pelo Ministério da Saúde.

Já no que se refere ao estoque de máscaras nas unidades, a SES afirmou que o número é suficiente para atender as demandas por pelo menos dois meses e que já existem em andamento processo de aquisição de insumos para prevenção de que não falte nas unidades. “A SES reforça que não há falta”