Talita Melz
talita.melz@jtocantins.com.brEm uma coletiva de imprensa, o Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) repassou informações e alertou a comunidade tocantinense sobre os dez pontos críticos, considerados pela classe médica, como problemas no enfrentamento a Covid-19. A coletiva ocorreu nesta sexta-feira, 7.
Os pontos elencados abordados, segundo os médicos, são na íntegra:
- Falta de leitos e superlotação dos hospitais do Estado;
- Falta de medicamentos e insumos; orientando aos Diretores Técnicos o uso parcimonioso dos estoques disponíveis; evitando as cirurgias eletivas se possível;
- Falta de capacitações para os médicos e equipe multiprofissional que estão na linha de frente do Covid-19 em todo o Estado e dos principais Hospitais Públicos;
- Déficit de leitos, mesmo com à implementação ocorrida, detectados pelas várias fiscalizações realizadas pelo Departamento de Fiscalização do CRM-TO no Estado;
- Solicita a prestação de contas dos recursos destinados ao Estado (R$ 94 milhões recebidos);
- Dificuldade de acesso e escassez de informações as entidades médicas da real situação dos leitos clínicos e UTI;
- Não implementação salarial, mesmo com publicação de portaria estadual sobre benefícios aos profissionais da linha de frente da pandemia no TO;
- Não efetivação dos pagamentos de plantões extras já trabalhados;
- Falta de atenção e reuniões pontuais da Secretaria Estadual de Saúde (SES) com os diretores técnicos dos hospitais estaduais para estabelecer estratégias de enfrentamento da Covid-19;
- Recomendação a população em geral, que procurem imediatamente o atendimento médico, público ou privado, aos primeiros sintomas que possam sugerir a Covid-19.
Saúde Estadual
Após as reclamações do Conselho informadas na coletiva, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) elaborou uma resposta aos pontos levantados pela classe médica. Em nota a SES afirmou que a gestão trabalha com transparência em relação as ações realizadas para enfrentamento a pandemia e disponibilizou no portal da Saúde como no portal da Transparência, que alcançou o conceito ótimo no ranking do país e por isso as informações estão claras.
Além disso, conforme a SES, os dados epidemiológicos e operacionais sobre a Covid-19 no Tocantins estão disponíveis para acesso público aqui. O site ainda conta com tabelas e gráficos para análises. Além disso, no mesmo portal é possível acompanhar a ocupação de leitos exclusivos.
Ainda conforme a Secretaria, o Governo já abriu 325 leitos e a SES trabalha para incorporar no sistema todos os leitos contratados no serviço privado e filantrópico, para a taxa de ocupação no Estado poder ser acompanhada em tempo real. “A SES mantém relatórios semanais sobre o enfrentamento a pandemia no Estado, com gráficos e índices de estoques, taxa de ocupação hospitalar, quantidade de casos e outros assuntos pertinentes a doença”, diz. Apesar disso a nota não fala sobre a superlotação ou déficit especificamente.
Outro ponto citado como crítico pelo CRM-TO e rebatido pela SES é sobre a falta de alguns medicamentos. A Saúde Estadual afirma que essa é uma realidade nacional e a pandemia, com o auto consumo, a maioria dos produtos utilizados estão escassos. O Ministério da Saúde em conjunto com todos os estados buscam soluções para o abastecimento.
Por último, a SES afirma que a gestão realizou o pagamento de folha complementar relativa a gratificação e plantões de junho para os profissionais que atuam na linha de frente. O valor total repassado é de R$2.799.600,00 e ocorreu nesta sexta-feira, 7.
Sobre as falta de reunião com direções de hospitais e de capacitações a SES não deu detalhes na nota.
Leitos e plantões
Ainda nesta sexta-feira, 7, a Saúde Estadual divulgou informações sobre as demandas de leitos e plantões, ainda durante a realização da coletiva do CRM-TO. Conforme a SES, como resultado das ações planejadas por determinação do governador do Tocantins, Mauro Carlesse, o Estado conta atualmente com 325 leitos destinados exclusivamente para pacientes acometidos pela Covid-19.
Do total de leitos, 241 são em unidades próprias geridas pela Secretaria SES e as demais são contratados em hospitais da rede particular, filantrópicos e municipal. Esses leitos estão divididos em 113 de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), 192 clínicos e 20 de estabilização. Confira no documento ao final da matéria mais detalhes.
Ainda segundo os dados da SES, do início da pandemia até a data 30 de julho houve 1.031 internações pela doença no Estado em unidades públicas e privadas. Para a estruturação dos hospitais no enfrentamento à Covid-19, a SES disse ter elaborado um planejamento estratégico considerando o perfil e o porte das 18 Unidades Hospitalares Próprias, distribuídas nas oito regiões de saúde que são estruturadas em Porte I, II e III. Sendo:
- - Unidades de Porte I - Unidades de baixa complexidade, referência para os pacientes classificados como casos leves e que requerem assistência hospitalar: Hospital Regional de Dianópolis, Hospital Regional de Arraias, Hospital de Pequeno Porte de Alvorada, Hospital Regional de Araguaçu, Hospital Regional de Arapoema, Hospital Regional de Xambioá e Hospital Regional de Pedro Afonso;
- - Unidades de Porte II - Unidades de média complexidade, referência aos casos classificados como moderados: Hospital Regional de Porto Nacional, Hospital Regional de Paraíso, Hospital Regional de Augustinópolis, Hospital Regional de Araguaína, Hospital Regional de Gurupi, Hospital de Guaraí e Hospital Tia Dedé;
- - Unidades de Porte III - Unidades de alta complexidade, referência de urgência e emergência para casos classificados como graves com leitos de Terapia Intensiva adaptados para Covid-19: Hospital Geral de Palmas, Hospital Regional de Araguaína, Hospital Regional de Gurupi e Hospital Infantil de Palmas.
Já no que se refere ao pagamento dos plantões, a gestão da Saúde disse que pagou nesta sexta-feira, 7, através de folha complementar, as gratificações de 1.432 servidores, que atuam na linha de frente no combate à Covid-19. Cerca de R$2,8 milhões foram creditados aos médicos e outros profissionais de apoio clínico e apoio logístico, de 14 das 18 unidades geridas pelo Estado. O valor pago é referente ao mês de junho.
A Saúde Estadual ainda disse que a equipe técnica trabalha para que o valor de julho seja pago na competência de agosto, que é creditada em setembro. Segundo a pasta, como o serviço público possui limitações para tetos salariais, que não podem se equiparar os rendimentos as instituições privadas, a administração institui gratificações e indenizações exclusivas para os profissionais dos diversos setores das unidades hospitalares.
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