Em uma coletiva de imprensa, o Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) repassou informações e alertou a comunidade tocantinense sobre os dez pontos críticos, considerados pela classe médica, como problemas no enfrentamento a Covid-19. A coletiva ocorreu nesta sexta-feira, 7. 

Os pontos elencados abordados, segundo os médicos, são na íntegra: 

  1. Falta de leitos e superlotação dos hospitais do Estado; 
  2. Falta de medicamentos e insumos; orientando aos Diretores Técnicos o uso parcimonioso dos estoques disponíveis; evitando as cirurgias eletivas se possível; 
  3. Falta de capacitações para os médicos e equipe multiprofissional que estão na linha de frente do Covid-19 em todo o Estado e dos principais Hospitais Públicos; 
  4. Déficit de leitos, mesmo com à implementação ocorrida, detectados pelas várias fiscalizações realizadas pelo Departamento de Fiscalização do CRM-TO no Estado;
  5. Solicita a prestação de contas dos recursos destinados ao Estado (R$ 94 milhões recebidos);
  6. Dificuldade de acesso e escassez de informações as entidades médicas da real situação dos leitos clínicos e UTI;
  7. Não implementação salarial, mesmo com publicação de portaria estadual sobre benefícios aos profissionais da linha de frente da pandemia no TO;
  8. Não efetivação dos pagamentos de plantões extras já trabalhados; 
  9. Falta de atenção e reuniões pontuais da Secretaria Estadual de Saúde (SES) com os diretores técnicos dos hospitais estaduais para estabelecer estratégias de enfrentamento da Covid-19;
  10. Recomendação a população em geral, que procurem imediatamente o atendimento médico, público ou privado, aos primeiros sintomas que possam sugerir a Covid-19.

Saúde Estadual

Após as reclamações do Conselho informadas na coletiva, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) elaborou uma  resposta aos pontos levantados pela classe médica. Em nota a SES afirmou que a gestão trabalha com transparência em relação as ações realizadas para enfrentamento a pandemia e disponibilizou no portal da Saúde como no portal da Transparência, que alcançou o conceito ótimo no ranking do país e por isso as informações estão claras. 

Além disso, conforme a SES, os dados epidemiológicos e operacionais sobre a Covid-19 no Tocantins estão disponíveis para acesso público aqui. O site ainda conta com tabelas e gráficos para análises. Além disso, no mesmo portal é possível acompanhar a ocupação de leitos exclusivos. 

Ainda conforme a Secretaria, o Governo já abriu 325 leitos e a SES trabalha para incorporar no sistema todos os leitos contratados no serviço privado e filantrópico,  para a taxa de ocupação no Estado poder ser acompanhada em tempo real. “A SES mantém relatórios semanais sobre o enfrentamento a pandemia no Estado, com gráficos e índices de estoques, taxa de ocupação hospitalar, quantidade de casos e outros assuntos pertinentes a doença”, diz.  Apesar disso a nota não fala sobre a superlotação ou déficit especificamente. 

Outro ponto citado como crítico pelo CRM-TO e rebatido pela SES é sobre a falta de alguns medicamentos. A Saúde Estadual afirma que essa é uma realidade nacional e a pandemia, com o auto consumo, a maioria dos produtos utilizados estão escassos. O Ministério da Saúde em conjunto com todos os estados buscam soluções para o abastecimento. 

Por último, a SES afirma que a gestão realizou o pagamento de folha complementar relativa a gratificação e plantões de junho para os profissionais que atuam na linha de frente. O valor total repassado é de R$2.799.600,00 e ocorreu nesta sexta-feira, 7.

Sobre as falta de reunião com direções de hospitais e de capacitações a SES não deu detalhes na nota.  

Leitos e plantões

Ainda nesta sexta-feira, 7, a Saúde Estadual divulgou informações sobre as demandas de leitos e plantões, ainda durante a realização da coletiva do CRM-TO. Conforme a SES, como resultado das ações planejadas por determinação do governador do Tocantins, Mauro Carlesse, o Estado conta atualmente com 325 leitos destinados exclusivamente para pacientes acometidos pela Covid-19. 

Do total de leitos, 241 são em unidades próprias geridas pela Secretaria SES e as demais são contratados em hospitais da rede particular, filantrópicos e municipal. Esses leitos estão divididos em 113 de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), 192 clínicos e 20 de estabilização. Confira no documento ao final da matéria mais detalhes

Ainda segundo os dados da SES, do início da pandemia até a data 30 de julho houve 1.031 internações pela doença no Estado em unidades públicas e privadas. Para a estruturação dos hospitais no enfrentamento à Covid-19, a SES disse ter elaborado um planejamento estratégico considerando o perfil e o porte das 18 Unidades Hospitalares Próprias, distribuídas nas oito regiões de saúde que são estruturadas em Porte I, II e III. Sendo: 

  1. - Unidades de Porte I - Unidades de baixa complexidade, referência para os pacientes classificados como casos leves e que requerem assistência hospitalar: Hospital Regional de Dianópolis, Hospital Regional de Arraias, Hospital de Pequeno Porte de Alvorada, Hospital Regional de Araguaçu, Hospital Regional de Arapoema, Hospital Regional de Xambioá e Hospital Regional de Pedro Afonso;
  2. - Unidades de Porte II - Unidades de média complexidade, referência aos casos classificados como moderados: Hospital Regional de Porto Nacional, Hospital Regional de Paraíso, Hospital Regional de Augustinópolis, Hospital Regional de Araguaína, Hospital Regional de Gurupi, Hospital de Guaraí e Hospital Tia Dedé;
  3. - Unidades de Porte III - Unidades de alta complexidade, referência de urgência e emergência para casos classificados como graves com leitos de Terapia Intensiva adaptados para Covid-19: Hospital Geral de Palmas, Hospital Regional de Araguaína, Hospital Regional de Gurupi e Hospital Infantil de Palmas.

Já no que se refere ao pagamento dos plantões, a gestão da Saúde disse que pagou nesta sexta-feira, 7, através de folha complementar, as gratificações de 1.432 servidores, que atuam na linha de frente no combate à Covid-19. Cerca de R$2,8 milhões foram creditados aos médicos e outros profissionais de apoio clínico e apoio logístico, de 14 das 18 unidades geridas pelo Estado. O valor pago é referente ao mês de junho. 

A Saúde Estadual ainda disse que a equipe técnica trabalha para que o valor de julho seja pago na competência de agosto, que é creditada em setembro. Segundo a pasta, como o serviço público possui limitações para tetos salariais, que não podem se equiparar os rendimentos as instituições privadas, a administração institui gratificações e indenizações exclusivas para os profissionais dos diversos setores das unidades hospitalares.