A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu nesta terça-feira (5) que as prisões temporárias do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira e do empresário Ronan Maria Pinto sejam convertidas para prisões preventivas. Ambos foram alvo da última fase da Lava Jato na sexta (1º).

Enquanto a modalidade temporária tem duração de cinco dias (renováveis por outros cinco), a preventiva não tem prazo para terminar. No pedido, o Ministério Público Federal argumentou que há novos fundamentos para a prisão preventiva "à luz do material apreendido na busca e apreensão, dos depoimentos dos investigados e de novas informações da quebra do sigilo telemático e fiscal".

Os procuradores afirmam que Silvio Pereira era um dos beneficiados pelo esquema de propina na Petrobras e teria participado diretamente do loteamento de cargos do início do governo Lula. Conhecido como Silvinho, ele seria um dos que recebia dinheiro para ficar em silêncio a respeito do escândalo do mensalão, pelo qual chegou a ser denunciado, antes de ter o processo suspenso.

Como argumento para pedir a prisão preventiva, o Ministério Público apontou que o investigado decidiu encerrar as atividades de uma empresa após ser citado por delator da Lava Jato. Além disso, documentos apreendidos indicam que Silvinho não se afastou de atividades do PT, diferentemente do que disse em depoimento.

"Nem a denúncia do mensalão foi suficiente para inibir a continuidade das atividades ilícitas do investigado", diz a petição. Para explicar pagamentos recebidos de empreiteiras, Silvinho disse em depoimento à PF que forneceu "cestas de Natal" às empresas.

RONAN
Sobre Ronan, Ministério Público mencionou arquivos encontrados em uma gaveta fechada com chave na sala do investigado no "Diário do Grande ABC". Tratam-se de documentos referentes a duas offshores em nome de seu filho, Danilo Pinto: a Topanga Hills e a Manper Corporation.

Suspeita-se que Ronan usou as offshores em nome do filho para movimentar dinheiro fruto de extorsão. Ainda de acordo com o pedido, registros do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontam movimentações financeiras incompatíveis com a renda de Danilo.

Ronan é suspeito de chantagear a alta cúpula do PT para não divulgar o que sabia sobre o caixa dois do PT e a relação dos recursos com o assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. Teria pedido R$ 6 milhões, de acordo com depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula.

A Lava Jato já vinha se aproximando há meses do caso do assassinato de Celso Daniel. No fim do ano passado, Bumlai confessou ter destinado parte de recursos de um empréstimo fraudulento a Ronan Maria Pinto.

Em 2012, o publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, também contou, em uma frustrada tentativa de fechar acordo de delação premiada, que foi procurado em 2004 por Silvinho, que lhe pediu para intermediar um empréstimo. Segundo Valério, Ronan Maria Pinto chantageava Lula e Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete da Presidência, com informações que ligariam o PT ao assassinato de Celso Daniel.