Responsável pela maior investigação criminal em andamento no país, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta sexta-feira (18) que as instituições viveram um ano "ímpar" e sustentou que a atuação do sistema jurídico brasileiro na Operação Lava Jato foi julgada e aprovada, "unanimemente", por órgãos internacionais.

"Ano ímpar, mas rico em que dele podemos muito aprender. O ano em que o sistema de justiça brasileiro se mostrou de forma ímpar na sua atuação. Isso dizemos nós que estamos envolvidos em todo esse contexto, mas o sistema brasileiro foi muito visto e julgado por olhos externos ao Brasil e esses órgãos unanimemente reconheceram o profissionalismo a independência e equilíbrio do sistema de justiça brasileiro como todo", disse Janot.

Ao todo, o Supremo investiga 69 políticos, sendo 14 senadores, 24 deputados, o ministro de Estado Edinho Silva (Comunicação) e o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Raimundo Carreiro por suspeita de ligação com a Lava Jato.

As investigações contra políticos com foro especial começaram em março.

Ao longo do ano, a Procuradoria-Geral da República chegou a autorizar busca e apreensão em casas de políticos, inclusive na residência oficial da presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em gabinetes e setores da Casa, além de ter determinado a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), então líder do governo no Senado, acusado de participação em uma trama para atrapalhar os desdobramentos da Lava Jato.

A atuação do MP é alvo de críticas de políticos e advogados que acusam os procuradores de perseguição a partidos e líderes de legendas aliadas aos governos do PT. Janot citou editorial do jornal britânico "Financial Times" elogiando a Operação Lava Jato.

"No começo desse editorial existem dois navios. Cada navio com uma bandeira, uma brasileira e desse outro país. Dentro desses navios, o mesmo desenho de cidades, prédios, carros, etc. No navio desse país em que se comparava, tinha ali fotografias de milícias, grupos armados, organizações criminosas e no brasileiro, em meio a cidade, existia ali a estátua da justiça. A imagem é forte demais. A imagem fala por si. E é assim que o sistema de justiça é visto de fora. Tem que ser um alento para todos nós que enfrentamos os desafios ricos de 2015."

A revista americana de relações internacionais "Foreign Policy" pôs o nome de Janot em sua lista anual de "cem pensadores globais", na categoria "Desafiadores".

"Eu não vejo 2015 como ano difícil. Venho como ano muito rico. Foi um ano que pudemos tirar vários exemplos, foi um ano em que a democracia mostrou que está madura. 2015 foi ano em que as instituições brasileiras foram chamadas a dizer por que aqui estavam. Todas elas disseram muito bem, fizeram seu papel de forma objetiva, precisa, eficiente, equilibrada, e ponderada, esse é o grande exemplo como chefe do MP brasileiro tiro desse ano", completou.