Em seu discurso de 15 minutos na sessão do Senado que vota desde a manhã desta quarta-feira (11) o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), reconheceu antecipadamente a derrota ao afirmar que "a partir de amanhã" o PT "estará nas ruas" para fazer oposição ao futuro governo Michel Temer (PMDB-SP).

A votação ainda será feita ao final da sessão, prevista para ocorrer a partir das 7h, mas diversas enquetes mostram ampla vantagem dos oposicionistas, que precisam de 40 votos para aprovar o impeachment.

"Seremos o maior partido de oposição do Brasil. Repito, seremos o maior partido de oposição do Brasil, e não ao Brasil", disse Humberto Costa.

"Faremos uma oposição qualificada e consistente dentro do Congresso e nas ruas do Brasil. Não esperem de nós gestos incendiários mas também não esperem complacência, corpo mole ou qualquer tipo de composição com um governo golpista que mancha a história do país", afirmou o senador, que foi o último parlamentar do bloco governista a discursar durante a sessão.

O senador disse ainda que o PT retornará ao Palácio do Planalto "pelo voto do povo". "Voltaremos pela rampa da frente do Palácio do Planalto", disse o petista.
Segundo Costa, ao final da votação da sessão de impeachment haverá "uma alegria" para os oposicionistas ao governo. "Vibrarão, baterão palmas, ficarão alegres, mas é uma alegria diferente da nossa, que ganhamos quatro eleições em cima deles", disse o petista, que qualificou as acusações contra Dilma como "plena hipocrisia".

SERRA

Pouco antes de Costa discursou na sessão o senador José Serra (PSDB-SP), provável ministro das Relações Exteriores do governo Temer.

"Quero dizer que existem também indícios - e nós estamos hoje votando a admissibilidade - de crimes de responsabilidade. Existem indícios disto. E eles não deixam outra saída realmente senão o afastamento da Presidente pelo caminho preconizado na Constituição", discursou o tucano.

Para Serra, o impeachment "é um processo arrastado, penoso, causa constrangimentos pessoais, produz até alianças estranhas e representa uma quase tragédia para o país". Por outro lado, disse que o impeachment de Dilma "se impõe como um remédio que é amargo, mas é essencial".

"Nós deveríamos de toda maneira procurar evitá-lo se pudéssemos e se fossem outras as circunstâncias. Isso é que não foi possível."

"A continuidade do governo Dilma, do meu ponto de vista, seria uma tragédia maior. Eu duvido que alguém neste plenário ache que nós chegaríamos a 2018 sem que a situação se deteriorasse de maneira insuportável", afirmou o senador.