A justiça de Gurupi concluiu nesta quinta-feira, 16 de março de 2023, que "não houve crime algum" por parte do empresário Ernandes da Silva Araújo Júnior, o DJ Juninho, "nem mesmo posse de drogas para consumo pessoal", segundo decisão revelada pelo G1 Tocantins e consultada pelo JTo.

Com este entendimento, o juiz da 1ª Vara Criminal de Gurupi  Baldur Rocha Giovannini determinou o arquivamento de um inquérito policial, aberto em 2020 sob segredo de Justiça, para apurar o suposto flagrante do DJ Juninho, detido pela força tática da Polícia Militar, após uma equipe encontrar drogas na carenagem da moto e no vaso de uma planta no quintal de sua casa em Gurupi.

A revelação deste caso ocorreu durante a Operação Éris, da Polícia Federal, em 2021 e resultou em uma denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Tocantins apresentada no dia 1º de dezembro de 2022.

Até esta quinta-feira, 16, não houve o recebimento da ação criminal que denuncia o falso flagrante e pede a prisão preventiva do ex-governador Mauro Carlesse (Agir), do delegado Enio Wálcacer Oliveira Filho, 42 anos, e dos policiais civis Antônio Martins Pereira Júnior, o “A. Júnior” (38), Carlos Augusto Pereira Alves, o “Bolinha” (38) e de Santhiago Araújo Queiroz de Oliveira (40). Também é pedida a prisão do escrivão da Polícia Civil Victor Vandré Sabará Ramos (39) e dos agentes José Mendes da Silva Junior (38), Marcos Augusto Velasco Nascimento Albernaz (44) e Ricardo José de Sá Nogueira, o “Pernambuco” (49).

Eles são acusados de formar uma organização criminosa, entre abril e junho de 2020, para conduzir uma investigação policial clandestina sobre um suposto caso extraconjugal da então ex-primeira-dama do Estado.

A denúncia também lhes acusa de traficar cocaína de Palmas a Gurupi. Nessa investigação falsa, eles teriam forjado o flagrante, por tráfico de drogas, contra o DJ, apontado como responsável pela divulgação do vídeo com cenas da suposta traição da ex-primeira-dama, que mais tarde se separou do ex-governador.

Conforme a investigação policial, o agente Antônio Júnior comunicou a Polícia Militar em Gurupi sobre o suposto traficante e o DJ acabou abordado pela Força Tática. No relatório, citado pelos promotores, os militares informaram que o flagrante se baseou em informações da Denarc de Palmas.

Ernandes da Silva Araújo Júnior, o DJ Juninho, ficou preso por 13 dias, após o flagrante, concretizado dia 11 de junho de 2020, um mês depois da criação do núcleo de inteligência do Detran. O flagrante também foi investigado pela Polícia Civil em Gurupi.

Durante o inquérito, a Polícia Civil, além do laudo sobre as substâncias - que concluiu ter pó que não era cocaína-, documentos indicando que o muro da casa do DJ havia sido escalado, os vizinhos do DJ afirmaram aos investigadores que conheciam Ernandes há muito tempo e nunca tiveram conhecimento do envolvimento dele com tráfico de drogas. Estes vizinhos fotografaram os veículos usados pelos policiais para monitorar o DJ. Com os dados, policiais descobriram que eram carros a serviço da Denarc e da Governadoria.

Para o juiz Baldur, em momento algum o DJ assumiu a propriedade da droga “nem mesmo para consumo pessoal”, situação que é comum em flagrantes de pessoas com drogas.

O juiz escreve ainda: “As investigações realizadas indicam a existência de um flagrante forjado” e que é objeto de ação penal que tramita na 3ª Vara Criminal de Palmas.

“Os indícios demonstram a ilicitude da prova”, conclui o juiz.