O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou na noite desta quarta (14) uma mensagem na rede interna do Ministério Público na qual diz que ameaças de retaliação não podem desviar os investigadores do caminho.

"As ameaças de retaliação e o revanchismo não podem nos desviar do caminho reto que é o cumprimento do dever", diz o texto escrito por Janot e enviado aos procuradores em comemoração do dia do Ministério Público.

"A Lava Jato é fato que se impõe a todos. Prosseguir é, sobretudo, um dever institucional", afirma. "A hora é grave e decisiva para o nosso futuro", disse o procurador.

As declarações do procurador-geral são feitas em meio à tensão que permeia a relação entre Ministério Público, STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso.

Nas últimas semanas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desafiou o tribunal ao não acatar a decisão do ministro Marco Aurélio Mello e bateu de frente com Janot, que já pediu seu afastamento do cargo e o denunciou pela segunda vez ao Supremo.

"Às milhares de ações que fazem parte de nosso cotidiano, veio se somar a maior e mais complexa investigação criminal de que se tem conhecimento, que avança e desagrada parte da estrutura de poder", diz o texto de Janot.

"Somos forjados na luta diária contra injustiças de toda ordem. É preciso coragem para agir, apesar dos desígnios contrários à nossa atuação institucional. Coragem que sei existir em cada um de nós. Coragem que dignifica e permite acreditarmos em um amanhã melhor para o nosso país."