A presidente Dilma Rousseff convocou reunião nesta sexta-feira (4) com seus ministros mais próximos no Palácio do Planalto para discutir os efeitos e a estratégia do governo diante da operação da Polícia Federal na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a reportagem apurou, os auxiliares presidenciais se revezam num entra e sai do gabinete da presidente e ainda estudam a reação do governo frente à ação contra Lula.

Após dormir atordoado com os efeitos do conteúdo da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o Palácio do Planalto acordou atônito com a operação.

Ministros petistas já esperavam uma ação da Operação Lava Jato envolvendo o ex-presidente para esta sexta, justamente pelo vazamento do conteúdo da delação de Delcídio, que implicava Lula e Dilma.

Nesta quinta-feira (3), após a publicação das declarações do senador, Lula telefonou para ministros do Palácio do Planalto e disse: "Não tenho registro de nada do que Delcídio falou".

Mesmo assim, a avaliação Planalto é de que a ação contra Lula é um "baque" e "fragiliza ainda mais" o governo Dilma que, nos últimos dias, não consegue vencer o desgaste político.

Auxiliares da presidente ouvidos pela reportagem dizem que esse é o "movimento mais forte" da Operação Lava Jato e que, se houver "materialidade" nas provas contra Lula, as consequências serão imensuráveis. Porém, ponderam, se não houver nada de significativo, a desmoralização será da Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, que comanda a operação em Curitiba.

ESPETÁCULO POLÍTICO
Integrantes da defesa do ex-presidente classificaram a operação no prédio de Lula e de seu filho, Fábio Luiz Lula da Silva, também conhecido como Lulinha, como um "espetáculo político".

Para eles, é mais uma tentativa de criminalizar Lula. Segundo os advogados, o ex-presidente nunca se recusou a depor e, portanto, levá-lo de maneira forçada para prestar depoimento é "absurdo".