A defesa do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entrou nesta segunda (24) um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) pela soltura do peemedebista, preso desde quarta-feira (19) por ordem do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.

"O juízo de primeiro grau, ao decretar a constrição cautelar do réu, sem apresentar qualquer fato novo, busca se sobrepor ao entendimento firmado pela mais alta Corte do país, que entendeu pela inexistência de qualquer motivo para a decretação da prisão do ora paciente", afirmam os advogados Marlus Arns, Fernanda Tórtima e outros no documento.

Eles também dizem não haver elementos que comprovem que a liberdade de Cunha represente risco à ordem pública ou à instrução penal, argumentos usados por Moro para sustentar o mandado de prisão.

Cunha está sozinho numa cela da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, na mesma ala em que está ex-ministro Antonio Palocci. São três cubículos naquele corredor. Uma cela ocupado por traficantes separa a cela de Cunha da de Palocci.

FRIO
A reportagem apurou que Cunha reclamou ter sentido frio durante a noite, sobretudo na cabeça.

A temperatura mínima na madrugada em Curitiba foi de 12 graus. Nesta sexta (21) de manhã, advogados levaram uma touca de lã e um boné para o ex-deputado.

Na quinta (20), o ex-deputado recebeu dos advogados alimentos, como macarrão instantâneo e uma garrafa de 2 litros de refrigerante.

Ele também pediu que seus defensores levassem papel higiênico para não precisar usar o da carceragem, de qualidade inferior.

Nesta sexta (21) pela manhã, Cunha recebeu a visita de Cláudia Cruz, sua mulher. Cláudia não chorou em nenhum momento da visita, segundo informações obtidas pela reportagem.

Ela e Cunha mantiveram-se calmos durante todo o encontro.

Um dia antes o advogado Marlus Arns, que defende Cunha e Cláudia na Lava Jato, havia dito que ficara decidido em conversa que os familiares não visitariam Cunha por enquanto para não correr o risco de ela ser hostilizada por manifestantes.

No dia da prisão de Cunha advogados foram ofendidos por pessoas que protestavam em frente à sede da PF.

Não houve tumulto na entrada ou na saída de Cláudia no prédio da PF.

Cunha tem passado o tempo todo na cela estudando cada detalhe do processo que o levou para cadeia. Na visita dos advogados discute ponto a ponto da defesa e opina sobre qual estratégia tomar. Cunha é defendido por três bancas de advogados, a de Marlus Arns, advogado de Curitiba, a de Fernanda Tórtima, do Rio de Janeiro, e a de Ticiano Figueiredo, de Brasília.