Wanderlei inicia novo mandato sem movimento brusco até volta do Legislativo e em rota de aproximação com Lula

Governador conta com apoio de Walder Góes e Wellington Dias para estreitar relações do Tocantins com a União e avaliza a candidatura do filho para comandar a Assembleia no segundo biênio (2025/2026)

A gestão que o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e seu vice, Laurez Moreira (PDT) iniciarão a partir da posse deste domingo, 1º, na Assembleia Legislativa, que inclui pronunciamento ao lado do Palácio Araguaia, não deverá ter nenhuma medida administrativa de vulto até fevereiro, quando a Assembleia Legislativa retorna e elege as duas mesas diretoras, a de 2023 e a de 2025.

“Nosso objetivo é não fazer movimento brusco até fevereiro”, disse à coluna o governador, neste sábado. “Vamos continuar conversando com os deputados que têm nos procurado e deixar as novas medidas para mais adiante”, completa.

Como o G1 atencipou, as possibilidades de adequação da estrutura  administrativa com a criação de pastas afins à estrutura da União, com órgãos para área da psicultura, cidades, mulher e povos originários, como indígenas e quilombolas, que devem ser confirmadas após arranjos com o parlamento.

Definições da presidência da Assembleia explicam a prudência de Barbosa

A prudência do governador se explica porque a Casa renovou mandatos e o seu partido, o Republicanos, tem os três principais nomes para o comando do Legislativo: Amélio Cayres e Cleiton Cardoso para o primeiro biênio (2023 e 2024) e o filho, Leo Barbosa, que almeja comandar a Casa no segundo biênio (2025 e 2026).

“O Leo se elegeu e reelegeu com as maiores votações e tem o sonho de ser presidente e é legítima a construção que ele busca para o segundo biênio”, avaliza o chefe do Executivo.

Para a eleição do primeiro biênio, Amélio Cayres avalia ter construído de forma mais sólida o nome dentro da base do governador, o que pode lhe garantir o voto de Leo Barbosa. “Quando me propus a ser candidato não havia a PEC sobre a eleição do segundo biênio e o entendimento no partido é que aquele que construísse a candidatura da melhor forma teria o apoio do governador”, disse o deputado, que contabiliza 14 votos.

PEC remodelou a disputa

Quando Amélio Cayres e Cleiton Cardoso, ambos do Republicanos, se lançaram candidatos a presidente, não havia a eleição unificada. Ambos têm o compromisso do governador de quem construísse sua candidatura mais competitiva receberia o apoio do governador e o voto do deputado Leo Barbosa (Republicanos).

“Aquele que tiver a melhor construção para presidir a Assembleia, nós vamos apoiar, eu respeito todos os deputados, o Amélio e Cleiton são meus amigos, ambos têm condição de presidir o parlamento, e aquele que reunir a melhor construção, será o presidente e vamos trabalhar para manter um governo de coerência e com respeito às relações institucionais”, afirma Wanderlei Barbosa.

Sucessão de pai para filho

Nos bastidores, a eleição de Leo Barbosa no segundo biênio também é pensada em relação ao quadro de instabilidade na governança do Estado, que desde 2006 não tem um Executivo com o mandato completado à frente do Executivo estadual.

O sucessor natural de Barbosa é Laurez Moreira, por exemplo, em eventual disputa pelo Senado em 2026, mas, até lá, diante de qualquer eventual fatalidade política que altere esta linha sucessória, como uma procedência das Aijes (ações de investigações judiciais eleitorais) ajuizadas contra os dois na Justiça Eleitoral, Leo Barbosa sucederia o pai, para completar o mandado.

Pela consanguinidade não poderia sucedê-lo numa eleição ordinária, apenas concluir o mandato.

Relação com o governo Lula

Eleitor declarado de Jair Bolsonaro, para quem fez campanha, Wanderlei Barbosa tem mantido contato com dois ex-pares de Executivo para se aproximar do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Um dos interlocutores é o atual governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), do partido de Laurez. Ele deverá ser nomeado para Ministério da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional. A outra frente de aproximação de Barbosa é o ministro do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI).

“Ele presidiu o consórcio dos governadores da Amazônia e temos conversado e o futuro ministro deixou claro sua intenção de trabalhar para fortalecer e desenvolver os estados da região”, disse Barbosa.

“Não iremos deixar a questão ideológica impedir uma boa relação com o governo federal, buscamos nos aproximar porque é preciso cuidar dos tocantinenses que mais precisam”, resume.