A recente previsão feita pelo governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) em suas redes sociais de inaugurar a nova ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional no primeiro semestre de 2024 repercutiu bem entre os que transportam por ali estimados 20 milhões de toneladas de grãos.

É que a importância da ponte vai além das dimensões tocantinas, porque concatena duas rodovias importantíssimas para o país: a BR-010, no leste do Rio Tocantins e a BR-153, no lado oeste.   Projetadas no governo de JK ,as duas simbólicas rodovias dão a dimensão que uma ponte assoma ao ligar uma à outra. 

A ligação entre elas não é novidade. Rege a historiografia da engenharia brasileira,  que a ponte antiga é obra da Sergen, empresa carioca com várias pontes executadas no Brasil dos anos 70. 

A “ponte velha” de Porto, como é chamada, teve a construção concluída na virada dos anos 1980, sob a fiscalização da Falcão Bauer.  Mas, como muito se publicou, desenvolveu patologias de riscos, o que exigiu nova licitação para nova obra. 

Vigor e vigas na gestão de Barbosa

Licitada há quase uma década, na gestão de Siqueira Campos, as obras da nova ponte só vieram a ganhar vigor, vigas e pilares na gestão de Barbosa, que caminha para ser o protagonista de sua inauguração, uma extensão de nomes como Irapuan Costa Júnior e Ary Valadão, que governaram Goiás na época da obra da velha ponte.

Mas se por um lado a fala de Barbosa é esperançosa quanto ao prazo da execução da obra, de outro se reveste de preocupação.

Há cerca de três meses, o Banco de Brasília (BRB) que financia a obra, com R$ 50 milhões aplicados, mandou uma vistoria independente ao canteiro portuense. O resultado da visita: excelência de execução perante os mais de 83% do serviço executado pela Rivoli Construtora.

Desde a visita do banco não se tem registro contábil nos sistemas de gestão do governo, de mais repasse ao convênio com a  Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto) responsável pelo contrato da obra. 

A agência pagou neste ano pouco mais de R$ 20 ,6 milhões para a Rivoli, mais da metade do valor em agosto, segundo dados consultados pela coluna. 

Circula entre Porto e Palmas, a informação de que a empresa acumula valores a receber na ordem de R$ 32 milhões, montante que inclui valores contratuais e reajustamentos legais. 

No canteiro portuense, a informação que se tem é que os 372 colaboradores que trabalham na obra estejam com os salários pagos em dia e, uma busca por título protestado ou reclamações trabalhistas não retornam nenhum registro referente à obra em Porto. 

Ou seja,  ao cenário da projeção do governador Wanderlei Barbosa falta encontrar a consistência na execução do contrato, afinal, a previsão/promessa de entregar uma obra, com pendência, se mostra frágil. 

Imagine se a empresa contratada não receber os valores vencidos e optar por paralisar as obras, o resultado é um só. A executora cai em dificuldade, atrasa o contrato e naufraga o cronograma, que está em dia e com chances de cumprir as promessas do governador. .

Em Porto, trabalhadores afirmam que até 18 de dezembro será possível cruzar de um lado a outro na nova ponte a pé!

Outro lado

A coluna procurou a Secretaria da Fazenda e pediu informações sobre os repasses, inadimplências e a relação com o BRB, mas não obteve respostas.