Nas últimas décadas, se presenciou diversas mudanças no seio familiar, transformações estas, que como qualquer outra poderia ser positiva e de relevância para nossa sociedade. Contudo, tais mudanças refletem no âmbito escolar de forma degenerativa e negativa. Estes novos comportamentos faz de forma incrédula e assustadora acreditar no colapso da educação. Mas qual seria o papel da escola e da família neste contexto de calamidade e de uma visão pessimista por parte de alguns formadores? De que forma os pais poderiam ajudar a escola com relação ao ensino e aprendizagem do seu filho? E Qual a relação existente entre educação familiar e o ensino escolar? São estas e outras questões que precisam ser esclarecidas para que possamos dar a “Cesar o que é de Cesar”.

Quando se depara com uma criança ou adolescente praticando alguma arte, é de praxe notar alguém dizer: - seu pai não lhe deu educação não menino? Ou algo semelhante. Esta fala estar implantada no discurso da sociedade, o que deixa claro que a educação tem um lugar especial no contexto familiar. Cabe perguntar de que forma a família tem conduzido a criança até a escola, já que na maioria das vezes, e quase sempre são arrogantes e desrespeitadores.

A escola e o formador tem um papel importantíssimo no processo de ensinar. Portanto fica a pergunta: - é possível ensinar uma criança que não foi educada e que não conhece seus limites? Dificilmente. Soma a tudo isto, fatores como: salas super lotadas, desvalorização do professor, carga horária puxada, péssimos salários e ambiente de trabalhos.

A educação da criança não pode ser concebida somente entre os muros da escola, a orientação familiar é uma coluna fundamental para o desenvolvimento intelectual do aluno e seu crescimento como pessoa. Pode-se pensar que a criança é um produto de um histórico social, familiar e suas boas e más ações tem profundo reflexo daquilo que aprendeu em casa.

A família sempre será o alicerce principal quando se trata de instigar na criança a importância do saber escolar, no estimulo diário que ultrapassa os conteúdos dos livros didáticos, na revisão de conteúdos em casa como forma de fixação de aprendizagem, isto mostrara a importância da escola para seu futuro. Esta educação tem que está carregada de rigor e amor. Acima de tudo, precisa criar um ambiente facilitador de estudo, levando em consideração a disciplina e a Constancia dos estudos, o respeito ao próximo, a responsabilidade e o amor pela educação. Esta falta de acompanhamento e instigação por parte da família; que é visível nas salas de aulas; obriga tanto a escola como o professor a agir com rigidez, quando deveríamos aplicar um ensino com amor. Tudo isto nos faz alvo de perseguição, ameaças e depredação da escola.

Pode-se, até cita um exemplo recente que ocorreu em Valparaíso (GO), a rigorosidade da direção da escola levou os alunos do ensino fundamental a praticar um vandalismo extremo e assustador. Enquanto, vive-se a distância entre aluno e família, e escola e família, possibilita a criação se uma juventude decadente, sem respeito aos patrimônios públicos e aos princípios morais e éticos. O fim da educação está relacionado ao fim do dialogo familiar, a transferência para a escola o dever de educar com rigor; quando ela deve ensinar com amor. Uma vez que os alunos já não aceitam um ensino e uma educação rigorosa por parte do professor e da escola. A educação é uma cultura familiar, é para toda vida toda e deve ser aplicada com rigor. O que os professores ensinam do livro didático, são disciplinas diversificadas, que no decorrer da formação, o aluno deixará de lado os conteúdos e disciplinas de menos interesse, para seguir uma determinada para sua formação profissional.

Cabe repensar um novo modelo de escola para educação. Já que a dinâmica familiar tem estado em Constancia mudanças; hoje, na maioria dos casos, já não é o pai que escolhe para o filho o que ele deve comer, que games jogar, que horas deitar... e esta liberdade e espaços que a criança tem tomado, é uma forma de compensação, que ocorre muitas vezes pelo fato dos pais terem que passar o dia no trabalho, enquanto, o filho fica na escola ou creche. Quando a escola busca conter esta libertinagem; fica mais visível ainda, quando o aluno faz a seguinte afirmação: “você não é meu pai para mandar em mim ou me tratar com rigor e dureza.” Isto tem gerado ódio pelo espaço escolar e pelos seus gestores. O estereótipo impregnado na sociedade é uma herança de uma elite intelectual e capitalista que dominaram a educação e o nosso país, ao longo de muitos séculos. Quando no ano de 1553, o governo geral expulsou os jesuítas do Brasil, sendo estes, os responsáveis pelas missões, os ensinamentos e a “civilização”; dizia-se com isto, que a educação não seria prioridade, e que quanto mais ignorantes fossem os indivíduos, mais fácil seriam de serem dominados. A educação escolar, deste o princípio visava atender simplesmente a classe dominante, como forma de manutenção de poder. Ao longo de séculos, estes sucatearam, desvalorizaram, discriminaram e implantaram no subconsciente da população, a rejeição, e o ódio pelo espaço escolar e pelo conhecimento, em detrimento do trabalho não pensante. Isto, afirma-se, quando os pais, antes mesmo de comprar um caderno para o filho, lhe dá de presente um carrinho de picolé ou uma caixa de geladinho para vender nas ruas. Este reflexo de rejeição cultural está tão presente, a ponto do discurso está nos lábios dos alunos ao dizerem: “- eu não gosto e não quero seguir carreira docência, meu pai disse para eu ser um doutor. Ser professor é ruim”. Isso tem aliado ao ódio pela escola, pelos professores e gestores educacionais. É necessário que a família resgate a relação proximal, no sentido de incentivar e fazer com que o aluno veja a educação e seu desenvolvimento como vital para transformação ética e moral. E que a sociedade arranque do subconsciente, a fala de negação da educação escolar, que a tempo vem sendo reproduzida por ela, em favor das elites que sempre dominaram este país.