Em 31 de outubro de 1517, em frente à Catedral de Winttemberg na Saxônia, então Prússia (hoje Alemanha), deu início a revolta protestante do século XVI que ocorreu sob a proteção dos eleitores do Saxe-Wittenberg. O Eleitor Frederico, “O Sábio”, fundou a Universidade de Wittenberg em 1502, da qual o doutor Martinho Lutero tornou-se professor de Filosofia em 1508. Em 31 de outubro de 1517, Lutero pregou as suas Noventa e Cinco Teses na porta da igreja do castelo daquela cidade, dando início à Reforma Religiosa. Frederico regente da Saxônia, não abraçou a nova interpretação do Cristianismo de imediato, mas procurou proteger Lutero das ameaças de Leão X, líder supremo do catolicismo, não sacerdote, à época.

O sucessor de Frederico, seu irmão João “o Constante”, foi um fervoroso seguidor do luteranismo, por isso, depôs todos os sacerdotes católicos em seu território e assegurou que a liturgia e a confissão luteranas fossem corretamente aplicadas.

A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no século XVI, por Martinho Lutero, tendo o Renascimento Cultural como grande aliado, Lutero aproveitou as ideias de renascença e protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no catolicismo romano, embora acontecesse o cisma entre católicos e protestantes, não era intenção de Lutero dividir a Igreja, mas reformá-la.

Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco solas. Cinco solas são frases latinas que surgiram durante a Reforma e são princípios fundamentais reformistas em contradição com os ensinamentos da Igreja Católica Romana. A palavra latina “sola” significa “somente” em português.

Os cinco solas sintetizam os credos teológicos básicos das ideias reformadoras, pilares dos quais creem serem essenciais da vida e prática cristãs. Todos os cinco implicitamente rejeitam ou se contrapõe aos ensinamentos da então dominante Igreja Romana, a qual conforme ensinavam os reformadores, havia usurpado atributos divinos ou qualidades para a Igreja e sua hierarquia, especialmente seu superior, o Papa.

Os cinco solas são: 1. Sola fide (somente a fé); 2. Sola scriptura (somente a Escritura); 3. Solus Christus (somente Cristo); 4. Sola gratia (somente a graça); 5. Soli Deo gloria (glória somente a Deus).

De certa forma os cinco solas representam e resumem as 95 teses de Lutero que se encontrava muito insatisfeito com as indulgências e a forma que a Igreja interpretava a Bíblia. Era bastante ruim a situação da Prússia (Alemanha), no século XV. Sem um poder centralizado e fragmentada entre vários senhores feudais, praticava uma economia agrária, o que segurava o desenvolvimento econômico.

O povo estava esmagado pelos tributos feudais e o dízimo (Covéia, Talha, Banalidades, Tostão de Pedro e Formariage). A Igreja era proprietária de grandes extensões de terras, a única consolação do povo era a fé. Mas como acreditar numa Igreja que vendia os cargos eclesiásticos a quem pagasse mais e que não escondia os filhos ilegítimos dos “celibatários” sacerdotes? E, pior, oferecia o perdão dos pecados por meio do pagamento de bulas que comprovavam a absolvição do papa, ou seja, por indulgência.

A indignação aumentou quando o monge Tetzel foi à Alemanha para vender bulas, no intuito de arrecadar mais dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro. Martinho Lutero criticou os abusos de Tetzel e começou a denunciar publicamente a corrupção da Igreja Romana. A preocupação de Lutero era com a salvação da alma, mas, perseguido e ameaçado de excomunhão, não recuou e expôs suas ideias na Catedral de Wittenberg (as 95 Teses de Lutero).

Lutero, contrariando a doutrina adotada pela Igreja Romana de que o homem se salva pelas indulgências e penitências, adotou as ideias de Santo Agostinho, “O homem se salva pela fé”. Propôs uma igreja mais simples, onde o Evangelho fosse discutido pelos fiéis, que teriam a Bíblia traduzida no seu próprio idioma (O próprio Lutero traduziu a Bíblia para o alemão). Também era contrário ao celibato clerical e favorável que as terras da igreja passassem a pertencer ao Estado. Sua doutrina diminuía consideravelmente o poder da Igreja romana e de seus sacerdotes. O que de forma quase acidental, contribuiu para o surgimento da Igreja Reformada, todavia a Igreja em suas várias formas atuais quer católica, quer protestante, quer evangélica, precisa de uma nova reforma, principalmente em seus papeis social e hermenêutico.