Não se pretende aqui esgotar todo o tema, contudo o que se quer é apresentar um panorama histórico sobre a reencarnação simples e objetivo. Não se trata de apologia a qualquer corrente ideológica, o que se pretende é apresentar a historicidade de uma doutrina que a cada dia cresce e se fortalece no meio cristão, já que em outros segmentos religiosos tradicionalíssimos, como o judaico, budista, hinduísta e outros, são quase que única forma de se conceber a existência humana no orbe terrestre em um ciclo evolutivo que oscila entre matéria (corpo físico) e Espírito (corpo glorioso), ou mundos material e imaterial.

Historicamente a doutrina da reencarnação é tão antiga como a história do ser humano. Os povos orientais antigos se mostraram sensíveis à crença da reencarnação aceitando-a e atribuindo-lhe um grande destaque religioso. Os egípcios, os hebreus, budistas e os hinduístas sempre aceitaram a reencarnação da alma. Igualmente se pode afirmar dos antigos gregos e romanos, que tinham na reencarnação um dos pontos básicos de suas crenças. Pitágoras, o grande matemático que criou o Teorema de Pitágoras, afirmava ter sido, em encarnação passada, Euforbos, filho de Pantos. Sócrates e Platão, eminentes filósofos da Grécia antiga, eram adeptos dos princípios espiritualistas e admitiam plenamente a tese da reencarnação. No livro Fédon de Platão onde ele dialoga com Sócrates sobre a alma e a morte, Platão mostra que ambos acreditam na Palingenesia, teoria que pressupõe a imortalidade da alma e as sucessivas reencarnações, onde ao reencarnar num corpo, a alma irá recordar o que outrora contemplou no mundo das ideias, isso fundamenta a Reminiscência que pressupõe a existência de um saber inato que pode ser recordado.

Os cristãos primitivos também eram reencarnacionistas até o século VI, pais da Igreja como, Orígenes, Clemente de Alexandria, Santo Agostinho, São Jerônimo e tantos outros defendiam e aceitavam a reencarnação, quando no ano de 553 no Concílio de Constantinopla foi declarado: “Todo aquele que defender a doutrina mística da preexistência da alma e a consequente assombrosa opinião de que ela retorna, seja anátema”, o que veio por fim a esse ensino no ceia da Igreja, isso graças ao papel político do imperador Justiniano que não aceitava a possibilidade de voltar como servo, por seus atos maus, obrigou o papa a aceitar sua vontade.

A origem da religião de uma forma genérica se pode atribuir ao antigo Oriente Próximo, sendo classificada em três categorias básicas: politeísta, panteísta e monoteísta. Estas classificações podem ser encontradas respectivamente, entre os egípcios, hindus, budistas e hebreus. Antes de mais necessário se faz definir os termos das classificações.

Politeísmo: crença na existência de vários deuses. Comum no Egito, Grécia e Roma Antigas e nas regiões da Índia e China. As principais divindades são geralmente ligadas às forças da natureza, são antropomórficas e imortais. Os antigos sistemas de crenças politeístas enxergavam os deuses como estando no controle de todos os eventos naturais, tais como: chuvas, colheitas e fertilidade.

Panteísmo: crença de que tudo é Deus, ou seja, na natureza, somos todos partículas de Deus. Prevaleceu em inúmeras culturas antigas africanas, dos índios americanos, na última religião egípcia sob os Faraós, no Budismo, Confucionismo, Taoismo e nas culturas do Extremo Oriente.

Monoteísmo: crença na existência de um só Deus; esta crença forma a base do Judaísmo (da fé Cristã e Islâmica), religião que nascem a partir de Abraão em cerca de dois mil anos a.C. Deste ponto da história, Deus (YAHWEH) começou a revelar-se ao mundo por meio da nação de Israel.

O que há em comum entre as três categorias básicas de religião é a doutrina reencarnacionista em suas várias formas de interpretação e entendimento, afirmam vários estudiosos.

Mas afinal, o que é reencarnação? Entre espíritas cristãos e judeus, é a crença de que após a morte, a alma de um ser humano retorna à vida com outro corpo, ou seja, Deus em sua infinita misericórdia concede ao ser humano a oportunidade de fazer novamente, com o intuito de acertar, de reparar e expiar os erros pretéritos. A reentrada da alma num corpo inteiramente novo no mundo atual para os espíritas faz o individuo melhorar como filho de Deus e como ser humano. Por meio do sacrifício vicário de Jesus Cristo o Salvador e modelo a seguir, o homem com a reforma intima e a sucessiva reencarnação chega cada vez mais próximo da perfeição, ou estado angelical (continua)...