Minas Gerais é um estado repleto de boas universidades e institutos de pesquisa. E o que diferencia Minas da maioria dos estados brasileiros é o real compromisso que a classe política tem com a educação. É muito comum, por lá, os representantes da região, quando eleitos, empenharem-se em levar para suas regiões escolas de qualidade.

Vejamos alguns exemplos. O então Presidente da República, Rodrigues Alves, mineiro de Viçosa, envidou esforços para levar à sua terra natal uma escola de agronomia de qualidade. E assim a Escola de Agronomia de Viçosa, hoje Universidade Federal, é reconhecidamente um curso de excelência!
Tal como Viçosa, outra cidade mineira, Lavras, destacou-se, pelo país afora, pelo Curso de Agronomia. A grande liderança que levou esse o curso àquela cidade mineira foi o ex-ministro da agricultura, recentemente falecido, Alyson Paulinelli.

Na mineira Ouro Preto, o Curso de Farmácia, fundado em 1839, é o mais antigo da instituição. Entretanto o curso que fez de Ouro Preto uma referência nacional, e até internacional, foi o curso de engenharia focalizado em mineração, metalurgia e geologia. Oriundos do império, esses cursos de Ouro Preto devem a liderança técnica ao cientista Claude Gorceix – que assim atendia a vontade não de um mineiro, mas do Imperador Dom Pedro Segundo.

De Ouro Preto atravessemos o estado e vamos parar na cidade mineira de Itajubá.

Lá, há exatos 108 anos, foi criado o Instituto Eletrotécnico de Itajubá, que abrigou a mais antiga Escola de Engenharia Elétrica do país. Naqueles tempos, um filho ilustre da cidade, Wenceslau Brás, presidia a República brasileira. Quem conhece a história da hoje Universidade Federal de Itajubá sabe que a participação de Wenceslau Brás foi a de dar apoio político ao cunhado dele, Teodomiro Santiago, este, sim, o fundador da escola que, por ser a pioneira, forneceu, durante muitos anos, mão de obra qualificada para empresas dos setores elétrico e petróleo.

Não muito distante de Itajubá, há exatos 45 quilômetros de lá, localiza-se, na também mineira Santa Rita do Sapucaí, a primeira escola de engenharia de telecomunicações do Brasil: o Instituto Nacional das Telecomunicações.
A grande benemérita da instituição foi a tradicional elite da cidade, integrada por políticos de expressão nacional como o ex-presidente da Câmara dos Deputados, ex-embaixador do Brasil na França e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Olavo Bilac Pinto.

Esse filho ilustre da terra, acompanhado de sua cunhada Sinhá Moreira, sobrinha do ex-Presidente da República, Delfim Moreira, lideraram não só processo de fundação do Instituto Nacional das Telecomunicações, como também da primeira Escola Técnica de Eletrônica da América Latina, a ETE. 

O Inaterl e a ETE são exemplos de sucesso do que vem a ser o desenvolvimento regional, pois essas escolas produzem mão de obra qualificada que dá suporte as mais de 200 empresas de eletrônica existentes na região – conhecida, nacional e até internacionalmente, como o Vale da Eletrônica brasileira.

Hoje, proliferam, pelos quatro cantos das gerais, inúmeras outras universidades federais que se tornam verdadeiros instrumentos do desenvolvimento regional do país. Universidades como as federais de Uberlândia, Alfenas e São João Del Rei, tiveram, no processo de fundação, políticos compromissados com a educação das sociedades por eles representadas.

Minas Gerais é um exemplo para o país de políticos compromissados com a verdadeira educação voltada para formação do cidadão.

Salatiel Soares Correia
É engenheiro, administrador de empresas, Mestre em Energia pela Unicamp. É autor de 8 livros relacionados aos temas: energia, economia, política e desenvolvimento regional.