Salatiel Soares Correia
é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de Cheiro de Biblioteca. Obras e personagens que fazem nossa história.
 
Ao retornar vitorioso da guerra com a Noruega, o general Macbeth, acompanhado de outro general Banquo, encontrou-se com três bruxas na floresta. Estas previram um futuro promissor para o general: que ele seria o Barão de Glamis, em seguida, o Barão de Cawdor. A terceira profecia previa que Macbeth se tornaria Rei da Escócia. Assim, mediante uma mensagem do rei, portada por um mensageiro deste, as duas profecias se materializam ainda na floresta. A terceira, por ora, não. 
 
Cresceu, então, a ambição de ser rei no já Barão de Cawdor.  E, movido por esse sentimento, que o general e sua esposa (lady Macbeth, essa com a mesma sede pelo poder que ele) tramaram a morte do soberano da Escócia, que acabou sendo assassinado traiçoeiramente pelo general no momento de uma visita que este fazia ao casal.
 
Na tentativa de eliminar opositores, o general, agora tornado rei, contratou assassinos para matar o perigo real ao poder de Macbeth: o general Banquo. Este morre numa emboscada, mas acaba conseguindo que seu filho escape.
Todavia, como tudo na vida tem um preço, tanto o falso rei quanto sua esposa acabaram pagando os seus. Lady Macbeth, alucinada pelo peso da culpa, acabou se suicidando. Seu marido, intranquilo e inseguro no poder e tendo o fantasma do general Banquo a perturbá-lo, recorreu mais uma vez às profecias das bruxas da floresta. Estas tranquilizam-no proferindo duas novas profecias que pareciam ser impossíveis de ser concretizadas. Para que Macbeth fosse destronado, seria necessário que o conspirador não tivesse nascido do útero de uma mulher; além disso, o bosque de Birnam necessitaria chegar ao Castelo de Dunsiname.
 
A tranquilidade do rei se tornou sua ruína. As bruxas o enganaram. Macduff, cavalheiro escocês, matou Macbeth. Nascido de um parto cesariano Macduff não nascera do útero da mãe. Além disso, os soldados, disfarçados de troncos de árvores no bosque, invadiram o castelo onde estava o rei. Era o bosque que se movia em direção ao castelo.
 
A peça sumariamente relatada é uma das obras-primas do maior dramaturgo de todos os tempos da literatura universal. Falo do genial dramaturgo inglês William Shakespeare. Peças como essa, onde se  discute a essência do ser humano, são eternas. Sentimentos como traição, culpa, ambição e vingança fazem parte do ser humano em qualquer parte do mundo. Certamente, é    por retratar sentimentos dessa natureza, que as obras de Shakespeare revelam aquilo que o maior crítico literário vivo, o norte-americano Harold Bloom, relata em seus escritos a respeito delas:  o autor de o Mercador de Veneza inventou a essência do ser humano. Passados mais de 400 anos de sua morte, Shakespeare está mais do que nunca vivo e brilhante.