Luiz Armando Costa
 
Mikhail Gorbachev foi-se ontem com sua Perestroika negada por Valdemir Putin na invasão da Ucrânia.
 
Ideologias, ideal e ideado são cada dia mais relativizados não só pela sociedade de modo geral, mas por líderes.
 
Foram engolidos pelo capital restando à força de trabalho papel secundário quando é, na verdade, a força motora do próprio capitalismo.
 
Nada mais eloquente no Tocantins, por exemplo, o fato de um milhão de pessoas terem renda de até dois salários mínimos.
 
Metade da população economicamente ativa (algo próximo de 600 mil sobreviventes) estar desocupada e os candidatos se apresentarem com patrimônios milionários.
 
A pergunta que sobreviria: como um representante do capital representaria esse batalhão de fora ou dentro da força de trabalho, remunerados à régua da miséria e remunerando com seus impostos o próprio capital que os lideraria ou buscaria liderá-lo.
 
Os meios acadêmicos não formam mais líderes nem eles brotam das camadas de baixa renda, curiosamente a maioria do eleitorado.
 
E quando lhes é dada oportunidade, se afiguram como escolhidos os inexpressivos e inexpressáveis, apenas para justificar os mandatários que podem assomar-se perante os hilários supostos concorrentes.
 
Dias atrás um deputado em busca de reeleição foi acusado de trocar de lado por R$ 500 mil. Campanhas eleitorais necessitam de estrutura, mas tem o fundo eleitoral (R$ 4,78 bilhões no país) e o fundo partidário.
 
Como um parlamentar tem um salário mensal de R$ 25 mil, teria garantido uma verba extra de quase dois anos de remuneração com o acordo para pedir votos. Ou 125 bezerrinhos a mais.
 
E para quê? Ir lá no povão (aqueles sem renda e sem ocupação que dizem liderar) e direcionar-lhes os votos!! É apenas só mais um dos casos que as instituições (e a sociedade) assistem sem qualquer reação.
 
Acostumaram-se com os candidatos-pix como quem aceita a falta de arroz e feijão à mesa na contrapartida dos R$ 11 bilhões do orçamento anual
 
Ou as quatro centenas de milhões de emendas parlamentares federais e estaduais que mudam mais o patrimônio dos que a viabilizam do que a vida do cidadão.
 
Não é preciso ir muito: basta uma passada de olhos em prestações de contas e relação de patrimônios declarados à Justiça Eleitoral. E compará-las aos benefícios propagados.
 
E enquanto isto, fica-se discutindo direita e esquerda, as bobagens criminosas de Jair Bolsonaro e a corrupção do governo Lula quando a própria sociedade e a classe política se dividem, em larga maioria, entre os dois.
 
Perestróika no Estado e no país, nem pensar.