Há movimentações no meio político que parecem ser desenvolvidas alienadas das circunstâncias. No Palácio, animam-se pela filiação do Chefe do Executivo estadual ao PSL depois ter-lhe sido oferecido o PTB. Partido era o de menos, mas o rebanho desvia-se do foco. O PSL deu sustentação à eleição de Jair Bolsonaro que pode retornar ao partido. Aí a chave.

Na prefeitura da Capital, um grupo de vereadores desenvolvendo ações cuja consequência imediata seria o afastamento da prefeita da cidade que tem o maior número de contaminados e de óbitos do Estado.

No governo, diz-se que os números da pandemia apontam viés de queda para retirar um pouco do negacionismo presente nas filiações partidárias quando o Estado registra o dobro do índice de contaminação do país.

Confrontados ontem com os números, os vereadores da Capital refluíram com as denúncias que tinham protocolado no Ministério Público.

A propósito, fora um cidadão comum a acusar outro de furto sem provas seria condenado por denunciação caluniosa. Na Câmara, é também causa de falta de decoro. Dá cassação.

Um dia depois, as coisas correm como se não tivessem acontecido. Governo querendo vacinas, buscando montar mais UTIs e prefeitura vacinando nas UPAs com as poucas vacinas que recebe.

Dias desses conversando com um amigo sobre as perdas de pessoas próximas pelo Covid-19, ele me explicava: a vida só vale o que você está vivendo. Se você morrer as pessoas continuarão suas vidas, andando pela cidade, indo ao bares e restaurantes.

No fundo é a mais real tradução do realismo de Nietzsche de que buscamos muito saber o que seremos quando não deixarmos de ser com a morte. Esquecendo-nos de buscar saber o que éramos quando não éramos, antes de nascer.

É como ocorre no Covid-19 e na política.