Está encerrando mais um ano letivo, é chegado o período das formaturas das turmas, mais um evento social na vida escolar que constrange a criança com o pai que escolheu ser ausente. Um retrato 3x4 da sociedade brasileira.  

Os cartórios de Registro Civil do Brasil mostram que nos últimos três anos, de 2020 a 2023, mais de 100 mil crianças foram registradas por ano sem o nome do pai. O abandono paterno é uma realidade de proporções assustadoras no país.  A região Norte tem o mérito de ser a que registra o maior número de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento.

Para fecundar um óvulo são necessárias, segundo a Biologia, duas pessoas. A partir da fecundação nasce uma vida, obrigatoriamente surge uma mãe, mas não surge um pai. Onde estão esses pais?   

Quais motivos levam um 'homem' a ignorar a existência de um filho, filha? Seria o trabalho com o cuidado diário? Levar ou buscar na creche ou na escola? Providenciar o preparo do alimento, da higiene, do acompanhamento das tarefas escolares, das vacinas?

Nada explica a ausência ou distanciamento, a pouca ou nenhuma afetividade para com uma vida que veio ao mundo através de você. Os custos financeiros com a pensão também não substituem a afetividade do pai na vida de uma criança. 

A sociedade não espera - e nem cobra - do homem a responsabilidade, comprometimento ou amor como "pai", mas coloca nas costas da mulher o peso de cuidar do filho/filha sozinha.  Não importa que fim levou o relacionamento entre duas pessoas, se tem uma criança na história, os dois são responsáveis pelo cuidado e por acompanhar o desenvolvimento dessa criança. 

A criança de hoje, sem pai, é a criança que se forma cidadão e cidadã brasileira, mas com a responsabilidade única, da mãe.

Nubia Martins
Mãe. Jornalista. Conselheira Municipal dos Direitos da Mulher de Palmas.
Email: nubiajornalista@gmail.com