André da Gama
Fisioterapeuta, pós-graduado em Fisioterapia Intensiva, com atuação na UTI Adulto do HGP, no Melhor em Casa e atualmente na linha de frente da Covid na UTI e na sala vermelha do Hospital Regional de Augustinópolis.
 
Desde o início da pandemia, ou seja, em março de 2020, não só o Bico do Papagaio, mas o mundo inteiro passou a viver tempos difíceis em que as pessoas tiveram que conviver com o medo e as incertezas acerca deste coronavírus (COVID-19) que tem ceifado milhares de vidas.
 
Logo no início tínhamos uma preocupação a mais, a falta de UTI em nossa região, que sempre foi extremamente carente da atenção do poder público. Por isso, estar na linha de frente não foi nada fácil.
 
Lidar com o sofrimento e a sensibilidade humana das pessoas diante de toda essa tragédia humanitária enquanto vemos pessoas perderem suas vidas, familiares nem podendo velar ou até mesmo ver seus entes queridos após a morte, gera em todos nós, profissionais da área da saúde, uma sensação de impotência. Por muitas vezes não tivemos ou não temos condições de salvar aquele paciente que se foi.
 
Por outro lado, vibramos de alegria por  pacientes que nitidamente conseguimos ajudar na sua recuperação, salvando vidas, vendo a alegria dos familiares.
 
Por todo esse tempo, podemos dizer que apesar de tudo o que passamos, nos sentimos muito felizes por ter enfrentado tudo isso com muita fé em Deus, dedicação e vontade de poder ser útil naquilo que fomos determinados a fazer, salvar vidas!
 
Ressalto aqui o trabalho de todos os envolvidos, desde à equipe médica, de toda a enfermagem, Fisioterapeutas, bem como os maqueiros, pessoal da limpeza, da Farmácia, enfim à todos os envolvidos na linha de frente.
 
Graças a Deus, em Agosto de 2020, no Hospital Regional de Augustinópolis, onde trabalho, o Governo do Estado instalou 10 leitos de UTI, administrados pelo Instituto Sinai, onde a população de todo o Bico do Papagaio e região passou a ter mais dignidade e direito à saúde. A partir de então conseguiríamos ofertar um suporte avançado através da ventilação mecânica artificial aos pacientes mais críticos, evitando assim ter que esperar a transferências para cidades como Araguaína ou Palmas.
 
Em razão disto, decidi fazer este relato falando sobre ter decidido ser vacinado, as impressões e também para incentivar que pessoas acreditem na vacina.
 
Antes de tomar a decisão de ser vacinado, fiz uma profunda análise e reflexão sobre tudo. Apesar de toda a polêmica acerca da vacina, devemos primeiramente confiarmos em Deus, esquecermos um pouco a guerra comercial entre os países produtores das vacinas contra a Covid-19.
 
E, por último, mas não menos importante, confiarmos em nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que tem um controle rigoroso de qualidade. A agência não liberaria a vacina se, de fato, não tivesse eficácia ou não fosse benéfica para toda população brasileira. Além do mais, não existe outro tratamento alternativo.
 
No dia 26 de janeiro, eu tomei a primeira dose. Está anotado no meu cartão de vacina, lote 20210040 v.10.23, da Sinovac. E meu braço já está pronto para a segunda dose, no dia 23 de fevereiro de 2021.
 
E, mais que isso, defendo que a vacia seja pra todos o mais rápido possível, com a esperança de que o governo federal agilize a aquisição e liberação do imunizantes não apenas para os grupos prioritários e, sim, para toda a população brasileira.