Luiz Armando Costa
 
É zero ainda no Estado reação correspondente à insurgência levantada por empresários, universidades e uma lista extensa de instituições de peso no país contra o projeto autoritário de Jair Bolsonaro e seus seguidores, ampliada ontem com a Carta Interamericana pela Democracia na quinta Conferência das Américas em Brasília, lida pelo Secretário de Defesa dos EUA.
 
Obviamente que, para o Tocantins, seus moradores e sociedade política, defender a Constituição da República seria mais que obrigação, um dever posto o Estado ter sido criado pela constituinte hoje atacada por 30% de brasileiros defensores do retorno dos militares ao comando do país.
 
É visível a falta de mobilização para retirar do repouso a defesa das liberdades constitucionais no Estado. E ela é ampliada pela indiferença dos parlamentares (tanto federais quanto estaduais) ao risco de golpe iminente, não rechaçado, com igual intensidade, intui-se, pelo fundo de comércio de recursos públicos de que fazem uso os Executivos.
 
Uma ação omissiva que tem consequências já que agir ou omitir são movimentos comissivos, tanto afirmativos quanto negativos. E, no caso, paradoxal dado que a negação da democracia em curso tem como alvo não só o Supremo Tribunal Federal, mas o Congresso, fechados pelo AI-5. Um tiro no próprio pé. Ou já se esqueceu no país da nomeação de governadores, senadores e prefeitos sendo feita pelo governo militar!!
 
No Tocantins a questão repete a submissão da população aos coronéis modernos. Parece não ter sido aprendido o ensinamento dos estudantes e professores da Casa do Estudante do Norte Goiano – Cenog. Não temos universitários com causa, mas militantes de partidos.
 
De sua criação até hoje não há um parlamentar (tanto estadual quanto federal) no Estado que tenha ido contra autoritarismos e tenha se preocupado mais com o estado de direito do que com emendas parlamentares e votos.  Ou acadêmicos contando os dias do “sextou” para o sertanejo universitário.
 
Muito parlamentares oriundos do movimento estudantil trocaram de ideologia ou apenas a utilizavam como instrumento de conquista de poder e dinheiro. Da atual bancada, quase a unanimidade é conservadora, empresários bem sucedidos ou grandes proprietários. 
 
A totalidade, entretanto, votou favorável às bondades eleitorais de julho, ante-sala do presuntivo golpe. Não há sequer um oriundo daqueles 42% da população que tem renda de até R$ 200 mensais. Um exército de quase 700 mil pessoas.
 
É provável que a geração anterior ao Estado tenha se preocupado mais, com o Estado aprovado, em conquistar poderes do que em formar lideranças, elaborar um projeto de desenvolvimento ou tenha se quedado a movimentos autoritários que não se dão apenas na defesa do militarismo, mas nas ações autoritárias travestidas de exercício legítimo e legal na conservação de “feudos”. 
 
E isto tem um custo e ele cai no colo da população formada hoje no Tocantins por quase metade da populaçao. Muito embora para sustentar esse sistema, esses miseráveis tenham entregue a essa sociedade política duas centenas de bilhões de reais em três décadas.
 
Como se nota, ao invés de financiarem suas liberdades, podem estar bancando suas grades.