Renato Martins
é estudante de jornalismo e trabalha com publicidade
 
É sabido, graças à ONU, que os próximos cincos anos devem ser de escalada da temperatura mundial - em média de 1º C a cada conjunto de 365 dias. Somando ao registrado no termômetro do seu celular, chegamos a um valor de quente demais. 
 
Com marcas tão altas de calor, é possível afirmar que as populações adaptadas a climas extremos terão mais chance de sobreviver. Não sei se sabem, mas corre por aí o boato de que o mundo vai acabar e só vai sobrar o Tocantins e, sinceramente, não sei se seria boa ideia.
 
Imagina só, os carros do mundo todo errando nas rotatórias da Capital, a impaciência generalizada pela demora da Expoara ou a dificuldade de ensinar a coreografia da Roda de Arraias para tanta gente.
 
Com tamanho número de cidadãos, perderíamos a tradição estadual de ser daqui e nunca ter visitado o Jalapão, afinal, teríamos de abrigar gente por lá. O Bico perderia seu principal destino de férias, que é qualquer lugar entre o Pará e o Maranhão.
 
Outra coisa a se imaginar é se nós, como bons anfitriões, conseguiríamos contar todas as boas do Velho Siqueira para os novos moradores. De cabeça, eu só sei que ele fundou o Brasil ou algo do tipo. 
 
É preocupante também como vamos impedir as mortes pela mordida enganada do pequi. Por favor, não venha citar Darwin para justificar as perdas. Gostaria também de um plano econômico bem definido de como vamos salvar o gado, a soja e o porco chinês.
 
Para ser otimista, não teríamos mais de explicar que aqui não é Goiás, nem que é Norte em vez de Centro-Oeste. Superaríamos, então, o problema identitário e poderíamos passar a finalmente reconhecer que temos sotaque.
 
O Tocantins ainda seria responsável pelo fim das teorias da conspiração. Para convencer um terraplanista da realidade, bastaria levá-lo a Tocantinópolis e eu tenho certeza que ninguém debaixo desse sol se prestaria a negar o aquecimento global. 
 
Diante da missa de Nossa Senhora de Natividade, teremos que contrariá-la e rogar para evitar novos nascimentos. A capital da amizade, Gurupi, seria o centro de reabilitação para famílias rachadas pelas últimas eleições. 
 
O Tocantinense, o mais democrático torneio de futebol que existirá, abraçaria a todos em suas divisões. Não me chamem de clubista, mas eu voto no meu tricolor para a série A.
 
Se o mundo acabar e só restar o Tocantins, o futuro será tão misterioso quanto deve ser e a única certeza é que, seja quem for, será abraçado por essa gente.