O Ministério do Trabalho se manifestou nesta sexta-feira (2), após denúncia feita pela Revista Veja, na edição desta semana, sobre suposta influência do deputado federal por Goiás Jovair Arantes (PTB) junto à Casa. Segundo a Revista, o parlamentar teria recebido propina em um esquema para liberação do registro do Sindicato das Pequenas e Micro Empresas de Transporte Rodoviário de Veículos Novos do estado de Goiás (Sintrave).

Em nota enviada à imprensa, o Ministério afirma “confiar na seriedade e competência do corpo técnico” e que fará a averiguação dos fatos.

Na nota, o Ministério do Trabalho informa que recebeu solicitação de registro sindical para o Sindicato dos Transportes Rodoviários Autônomos de Veículos do Estado de Goiás em julho de 2011, mas a análise do pedido ficou impossibilitada por uma falha no preenchimento da solicitação e com isso não foi gerado o número do protocolo. Secunda a Casa, o último trâmite do processo aconteceu em outubro de 2011.

Depois disso, a entidade teria feito um novo pedido, em abril de 2012, mas que não foi para frente pelo mesmo motivo. O pedido foi considerado inválido em julho do mesmo ano.

No mesmo mês, foi realizado um novo pedido, que chegou a ser protocolado junto à Superintendência Regional do Trabalho de Goiás, mas foi negado em abril de 2016 por causa de sobreposição da base sindical, ou seja, a região já teria um sindicato atuando no mesmo segmento. A nota informa que a entidade entrou com recurso cinco meses após o indeferimento e por estar fora do prazo legal – de 30 dias - teve o mesmo foi indeferido.

O Ministério do Trabalho salientou que as “supostas irregularidades”, denunciadas pela revista, foram “tratadas por pessoas estranhas ao serviço público”. Na nota, a Casa informa que vai averiguar as denúncias: “Apesar de confiar na seriedade e competência do corpo técnico do Ministério do Trabalho, o ministro substituto, Helton Yomura, pediu averiguação dos fatos, para que não pairem dúvidas sobre a lisura no tratamento da questão.”

Entenda o caso

O esquema narrado pela revista estaria sob investigação da Polícia Federal (PF) e foi descoberto após denúncia do empresário e presidente do Sintrave, Afonso Rodrigues, que, tentando descobrir porque seu pedido de registro estava parado no Ministério, tomou conhecimento de que poderia obter ajuda com uma lobista.

Ele teria, então, se encontrado com a lobista Verusca Peixoto, que, junto do sócio, o consultor financeiro e também lobista Silvio Assis, o informaram que o PTB e o Solidariedade teriam um esquema no setor de registro de sindicatos e que, com uma propina de R$ 4 milhões, conseguiriam destravar o processo.

O valor serviria para, além de subornar os funcionários do Ministério, pagar a influência dos políticos supostamente envolvidos no esquema: Jovair e dois sobrinhos seus, Rogério e Leonardo Arantes, respectivamente diretor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e secretário executivo interino do Ministério do Trabalho. O empresário teria conseguido um desconto no valor, fechado em R$ 3,2 milhões, e entregou três cheques aos lobistas, a serem descontados quando o registro saísse.

À revista, Rogério confirmou ter sido procurado e disse que chegou a entrar em contato com Leonardo para tratar do assunto. Ele negou, entretanto, ter recebido por isso. Já Leonardo afirmou que o primo até poderia ter feito o pedido, já que ambos fazem “política”, mas que ele não se lembrava da solicitação.

A reportagem não informa se a demanda teria sido de fato atendida, mas afirma que os envolvidos continuam se movimentando e que a PF segue investigando o caso.

O POPULAR entrou em contato com Jovair, que negou as acusações e disse que vai processar a revista. “Evidentemente estou tomando as providências jurídicas, é um absurdo uma reportagem sobre pedidos que ocorrem sempre e o mais importante é que ele foi negado”, afirmou ele. Jovair também negou conhecer as pessoas mencionadas na reportagem e disse que a matéria tem orientação política: “O endereço é simples: fui relator de um processo de impeachment e isso gera reações.”

A reportagem também tentou falar com o presidente do Sintrave sobre a denúncia feita por ele, mas não conseguiu contato.