Amparada pelas ações ligadas a commodities, a Bolsa brasileira fechou em alta pelo terceiro dia seguido e ficou perto de romper a barreira de 66 mil pontos nesta terça-feira (24), alcançando o maior patamar em quase cinco anos.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, subiu 0,14%, para 65.840 pontos, o maior nível desde 27 de março de 2012, quando fechou aos 66.037 pontos.

O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 9,025 bilhões, acima da média diária de janeiro, que é de R$ 6,745 bilhões.

As ações de empresas ligadas a commodities foram o destaque da sessão. Os papéis da mineradora Vale subiram pelo terceiro pregão seguido ajudados pela alta do minério de ferro no exterior. As ações ordinárias -com direito a voto- da empresa subiram 2,79%, para R$ 32,38, e as preferenciais tiveram valorização de 2,46%, para R$ 34,13.

Além da alta do minério de ferro, também ajudou a impulsionar os papéis da mineradora o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com acenos a investimentos em infraestrutura no país.

"As primeiras medidas anunciadas pelo Trump estão tendo impacto na atividade manufatureira americana. A sinalização de uma política pró-americana tem ajudado a melhorar a confiança no setor e já tem reflexo nos recentes índices de atividade manufatureira dos EUA", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil.

"A percepção de que os EUA poderiam investir forte em infraestrutura ajuda indústrias primárias a se valorizarem, como mineração e siderurgia", diz.

As ações da Petrobras fecharam com sinais mistos, em dia de alta dos preços do petróleo com a sinalização dos países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de que estão cumprindo sua promessa de cortar a oferta da commodity.

Os papéis preferenciais -mais negociados- da Petrobras subiram 0,31%, para R$ 16,04. Os papéis ordinários caíram 1,39%, para R$ 17,73. O mercado analisou a notícia de que um grupo de investidores estrangeiros decidiu processar a petrolífera no Tribunal Distrital de Roterdã, na Holanda, em busca de ressarcimento após perdas financeiras com ações da empresa devido ao escândalo de corrupção investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Apesar das altas recentes, a perspectiva para a Bolsa é de baixa, na avaliação de Thiago Bisi, analista-chefe do Grupo L&S, que reúne empresas na área de investimentos. "Estamos na expectativa de uma correção, em especial nos papéis de setores de mineração, siderurgia e petróleo. A Vale está sobrecomprada [teve alta acentuada] e isso é um sinal forte de que pode haver correção nos próximos pregões", diz.

"A Bolsa subiu quase 9 mil pontos em linha reta [com poucas quedas no percurso], algo que é difícil de ser sustentado", avalia.

DÓLAR E JUROS

O dólar fechou a terça-feira praticamente estável. O dólar à vista teve queda de 0,22%, para R$ 3,166. O dólar comercial fechou em leve alta de 0,06%, para R$ 3,172.

A moeda americana ficou parte do dia sem direção e acabou fechando na contramão das principais divisas mundiais, que se desvalorizaram em relação ao dólar diante de preocupações com a política protecionista desenhada por Trump. Além do real, apenas três outras moedas subiram ante o dólar: lira turca, yuan e novo sol peruano.

O Banco Central deu sequência às atuações no mercado e rolou lote de 15 mil contratos de swaps cambiais -equivalentes à venda de dólares no mercado futuro- com vencimento em fevereiro.

Com isso, o BC já vendeu o equivalente a US$ 4,2 bilhões dos US$ 6,431 bilhões que vencem em fevereiro.

No mercado de juros futuros, os contratos fecharam com sinais mistos. O de vencimento em abril de 2017 recuou de 12,500% para 12,497%. O contrato para janeiro de 2018 ficou estável em 10,940%.