O caso do motorista Alexandre Rodrigues de Sousa, de 41 anos, preso suspeito de estuprar duas mulheres e tentar abusar de uma terceira entre novembro e dezembro de 2016, em Goiânia teve grande repercussão regional e nacional. Talvez por isso o Uber não tenha ajudado nas investigações. De acordo com a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) Ana Elisa Gomes, a empresa não auxiliou nos trabalhos. “Entramos com pedidos judiciais e ainda não obtivemos as respostas necessárias”, explica ao detalhar que o trabalho foi minuciosamente executado pelos agentes da delegacia.

O suspeito foi detido em sua residência no Setor Garavelo B, na capital, após ser reconhecido pelas três vítimas que registraram ocorrência na delegacia. Ele abordava as vítimas na saída de festas, apresentava-se como motorista do Uber, mas combinava as corridas com um valor fixo, fora do serviço, e em seguida desligava o aplicativo. Com isso, as vítimas não sabiam informar o modelo e a placa do carro. O homem utilizava um veículo Ford Ka alugado.

Ana Elisa explicou que a grande dificuldade da investigação foi justamente por não ter dados do veículo, do motorista e do trajeto. Ela alerta que os passageiros precisam ter atenção quanto a isso e não aceitar negociações fora do sistema da empresa.  

Alexandre usava uma lanterna de choque para intimidar e até ferir as mulheres. Informalmente, confessou os crimes e afirmou ser cadastrado como motorista parceiro da empresa há um ano. Nesses três casos, será indiciado por estupro, tentativa de estupro e roubo.

“Ele abordava as vítimas no momento em que elas estavam saindo das festas, se identificava como motorista da Uber e as convencia de entrar no veículo se comprometendo a cumprir a corrida”, explicou a delegada. Além disso, Alexandre também roubava as vítimas e chegou a vender os aparelhos de celulares pela internet.

“Não podemos afirmar que existam mais vítimas, sabemos que crime de estupro muitas vezes são subnotificados”, disse ao observar que algumas ficam envergonhadas e não procuram a delegacia. O importante agora é que, se existem outras, que o reconheçam que procurem a delegacia”, orientou a titular da Deam.

Os crimes

O primeiro caso registrado foi no dia 02 de novembro de 2016. A vítima, de 20 anos, acabará de sair de um show no Estádio Serra Dourada quando foi abordada pelo suspeito e aceitou a corrida. Alexandre Rodrigues de Sousa cometeu o crime dentro do carro no Setor Crimeia Leste.

O segundo caso foi uma tentativa e ocorreu no dia 19 de novembro. O motorista ofereceu o serviço a uma jovem de 22 anos, em frente a uma boate no Setor Marista. A delegada disse que ela conseguiu sair do carro quando o suspeito estava parando o veículo. Ela chegou a ser agredida com a lanterna de choque e seus pertences foram roubados.

No terceiro crime, Alexandre levou duas passageiras que também haviam saído de uma boate no Setor Marista, dia 17 de dezembro. A primeira foi entregue no destino e a segunda, de 25 anos, foi vítima de abuso antes de chegar ao endereço.

Alexandre Rodrigues de Sousa foi preso preventivamente. Ele já tem passagens polícia. É investigado por estelionato.