A Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela (ANC), um órgão integrado por representantes simpatizantes do governo de Nicolás Maduro, tomou posse nesta sexta-feira (4) no Palácio Federal Legislativo, em Caracas, apesar da rejeição da oposição e de boa parte da comunidade internacional.

Dirigentes do alto escalão do movimento chavista, que governa a Venezuela desde 1999, lideraram a longa fila de representantes que entrou no Palácio Legislativo - onde funciona o Parlamento, de maioria opositora - para a solenidade.

A governista Delcy Rodríguez foi eleita presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana e convocou para amanhã a primeira sessão do poder “plenipotenciário” para iniciar o processo que reformará a Constituição. Delcy mandou notificar todos os Poderes da instalação dos mais de 500 constituintes eleitos há menos de uma semana, que na sua primeira sessão atuarão em nome do poder “originário do povo da Venezuela”, segundo indicou no seu discurso de instalação.

“Não esperem que vamos esperar semanas, meses, anos... não. A partir de amanhã começamos a agir nesta Assembleia Nacional Constituinte e os que fazem guerra psicológica contra o povo responderão à Justiça”, disse.

A presidenta da Assembleia Nacional Constituinte declarou aos demais representantes que o objetivo deste processo, que pode demorar um ano, é “apartar” os impedimentos da atual Carta Magna vigente.

Pouco antes, a Procuradoria venezuelana pediu à Justiça para anular a instalação, já que a eleição é alvo de uma investigação por fraude. No começo da tarde, um tribunal de Caracas - leal ao chavismo - rejeitou a petição feita após a denúncia da Smartmatic - empresa que deu suporte tecnológico à votação - de que houve “manipulação” dos dados fornecidos pelo Comissão Nacional Eleitoral.

Vaticano

Em comunicado, o Vaticano lamentou hoje a “radicalização e o agravamento da crise”, apontando que o papa Francisco acompanha com preocupação a situação e instou o governo a suspender a Constituinte por fomentar “um clima de tensão” e “hipotecar o futuro”.