Suspeito de matar a estudante Raphaella Noviski, de 16 anos, com 11 tiros dentro do Colégio Estadual 13 de Maio, em Alexânia, Misael Pereira Olair, de 19 anos, prestou o segundo depoimento à Polícia Civil, na quarta-feira (8), e disse que passava 'noites sem dormir' por causa da jovem.

Ele contou que entrou em depressão porque seu amor por Raphaella não era correspondido e que desde que a conheceu, há quase cinco anos, era "fascinado" por ela. "Eu entrei numa depressão que não dormia mais à noite, trocava a noite pelo dia. Eu estava com muito ódio, tinha fome e de resto não tinha mais nada. Acho que minha vida girava em torno dela. Teve época que esqueci, mas tinha que ter procurado ajuda profissional", falou para a delegada Rafaela Azzi.

Misael explicou que decidiu abandonar o colégio, onde estudava com Raphaella, porque havia sido rejeitado poe ela e desde então, em outubro de 2016, começou a planejar o assassinato da adolescente.

"Todo mundo achou estranho [minha saída]. Já saí com ódio e vontade de matar. A professora ligou pra eu voltar, para eu passar de ano, falei que não voltava por uma pessoa que odeio e não queria ir para o colégio. Ela começou especular, quem é essa pessoa," revelou.

A delegada informou que o novo interrogatório servia para "pormenorizar os fatos". "Trouxe mais elementos em relação ao armamento, contou toda a empreitada criminosa, e a questão de trazer a lume esse quadro depressivo", relatou Azzi, que agora vai solicitar um exame psicológico. "Pelo relato depressivo dele que antecede a prática criminosa e a premeditação, vou solicitar o exame ao Instituto de Criminalística".

A Polícia Civil pode concluir o inquérito em até 30 dias. A diretora, professoras e colegas de sala também devem ser ouvidas em depoimentos.

Depoimento
O primeiro depoimento de Misael aconteceu no mesmo dia do crime, na segunda-feira (6), onde ele contou que fez 11 disparos para que Raphaella "não sentisse dor". Em um vídeo gravado pela PC, ele revelou que matou a vítima porque a odiava e que não se arrependia. Já no dia seguinte, ele apareceu em um novo vídeo, com o olho esquerdo roxo e dizia estar arrependido.

A delegada, o advogado Joel Pires Lima e o juiz Leonardo Bordini apresentaram a mesma versão sobre o hematoma no olho de Misael. Ele teria se machucado quando caiu no banheiro do presídio.

Por ser um acidente, não será aberto nenhum procedimento para investigar. "Posso determinar a abertura do inquérito para apurar as circunstâncias, mas, a princípio, as informações que ele citou são suficientes", disse o magistrado.